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domingo, 7 de abril de 2024

Guiné 61/74 - P25353: Efemérides (432): Há 70 anos que morreu Aristides de Sousa Mendes (em Lisboa, 3 de abril de 1954): O Presidente da República Portuguesa associou-se à homenagem do dia 7, hoje, em Nova Iorque, na Igreja Eslovena de São Ciro


Aristides de Sousa Mendes, o consul português de Bordéus, 1940.

Cortesia de Fundação Aristides de Sousa Mendes.




1. Mensagem do Presidente da República Portuguesa, que foi lida na Cerimónia de Evocação de Sousa Mendes (e Sousa Dantas), hoje em Nova Iorque, na Igrela Eslovena de São Ciro.(*)

O nosso amigo e camarada João Crisóstomo, um dos organizadores do evento, fazendo parte de The Day of Consciense  Committee, fez-nos chegar uma cópia da mensagem, com autorização para a publicar no blogue, depois da realização da cerimónia, que  teve o apoio da Missão Permanente de Portugal nas Nações Unidas, Igreja Eslovena de São Ciro, Fundação Internacional Raoul Wallenberg, Fundação Sousa Mendes e ainda "The Portugal-US Chamber of Commerce" (Câmara de Comércio Luso-Americana). (*)

Aristides Sousa Mendes (n. Cabanas de Viriato, Carregal do Sal, 19 de julho de 1885), o cônsul português em Bordéus, em 1940, morreu a 3 de abril de 1954,  em Lisboa, aos 68 anos. (**)

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Nota do editor:

(*) Vd. poste de 4 de abril de 2024 > Guiné 61/74 - P25338: Tabanca da Diáspora Lusófona (23): Nova Iorque, Igreja Eslovena de São Ciro, domingo, 7 de abril: recordando e cebrando os 70 anos da morte de dois grandes diplomatas e humanistas do tempo da II Grande Guerra, o português Sousa Mendes, e o brasileiro Sousa Dantas

(**) Último poste da série > 18 de março de 2024 > Guiné 61/74 – P25283: Efemérides (431): 51º Aniversário de instruendos que passaram pelo CIOE, em Penude, Lamego (José Saúde)

terça-feira, 2 de maio de 2023

Guiné 61/74 - P24276: Notas de leitura (1578). Lançamento do livro do ten gen ref Garcia Leandro, "O Balanço de Uma Geração" (Lisboa, Gradiva, 2023, 360 pp.)...Vídeo com a recensão crítica do Presidente da República

 


O Presidente da República faz, de improviso, uma recensão crítica do recente livro do ten gen ref Leandro Garcia, "O Balanço de uma Geração" (Lisboa, Gradiva, 2023, 360 pp.), Cortesia do autor. O vídeo (que não está na página oficial da Presidència da República) chegou-nos, com pedido de divulgação,  por mão do Virgínio Briote, antigo alf mil 'comando' que esteve na Guiné com o então cap 'cmd' Garcia Leandro (tem 1o referências no nosso blogue mas não faz parte da nossa Tabanca Grande).





1. Mensagem do Virginio Briote, nosso coeditor jubilado, um histórico do nosso blogue (nascido em Cascais, frequentou a Academia Militar, e foi alf mil em Cuntima, CCAV 489 / BCAV 490 (Jan-Mai 1965); fez o 2º curso de Comandos do CTIG, comandou o Grupo Diabólicos (Set 1965 / Set 1966); regressou em Jan 1967; casado com a Maria Irene; foi quadro superior da indústria farmacêutica; editor literário do livro de memórias do Amadu Bailo Djaló, "Guineense, Comando, Portuguès", publicado em 2010, sob a chancela da Associação de Comandos):

Data - segunda, 24/04, 20:17 (há 2 dias)
Assunto - Vídeo com o Presidente da República por ocasião do lançamento do livro do ten gen ref Garcia Leandro

Luis Graça e Carlos Vinhal, Caros Camaradas

O  meu antigo Cmdt CCmds, Garcia Leandro,  acabou de publicar o livro “O Balanço de uma Geração” (Lisboa, Gradiva, 2023, 360 pp). 

Não pude estar presente (no dia 17 do corrente, na Fundação Calouste Gulbenlian) mas o general Garcia Leandro enviou-me a declaração do PR sobre a referida obra. O Professor Marcelo Rebelo de Sousa aborda o tema da obra de forma interessante.

O vídeo, reproduzido acima, aqui disponível,  na conta You Tube / Luís Graça. Cortesia de Garcia Landro (8' 01")


Abraço do Virgínio Briote

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2. Mais  informação sobre o livro e o autor:



Neste livro dedicado à sua geração, o autor faz uma análise integrada de Portugal, no passado e no presente, com particular foco nos séculos XIX e XX e sobretudo nos consulados de Salazar e Caetano e da III República. Além disso, perspectiva o futuro possível, com base na sua vivência e testemunho.

De um modo articulado e objectivo, procura explicar a situação de Portugal a partir da década de 1950 e, nesse contexto, o comportamento de Salazar e de Caetano até 1974. Mas vai além desse período, pois faz o enquadramento internacional desde o século XIX, numa contribuição para interpretar a nossa História e como chegámos ao Estado Novo, depois de décadas muito difíceis e com grandes fragilidades.

Para o século XX, a sua análise, assente em dados concretos e factos vividos, aborda a questão ultramarina, os problemas, como foram encarados a partir do início da guerrilha em Angola e o que antecedeu o 25 de Abril de 1974. Que significou esse pedaço da História para a geração nascida durante a II Guerra Mundial e para as populações do então Ultramar?

Além de reflectir sobre esta questão e o funcionamento da III República, o autor analisa a reconstrução das Forças Armadas e das Forças e Serviços de Segurança, a sua modernização e a internacionalização. Ajudando a compreender este mundo em mudança, Garcia Leandro antevê como poderá ser o futuro do país a curto prazo, os problemas que se podem pôr a Portugal e a nossa viabilidade.

Este é um livro que faltava para uma compreensão melhor e independente de Portugal e das hipóteses que se porão para o futuro mundial.


Autor > 
José Eduardo Garcia Leandro


(i) nasceu em Luanda (1940):

(ii)  foi tenente-general do Exército desde 1998;

(iii) a sua vida profissional dividiu-se:

(iii a) entre o antigo Ultramar (Angola, 1962-1964 e 1970-1972; Guiné, 1965-1967;  e Timor, 1968-1970;

(iii b) tendo sido governador de Macau entre 1974- 1979);

(iii c) as funções de comando, a nível nacional e internacional (conselheiro militar da Delegação de Portugal junto da NATO entre 1987-1990, comandante da Componente Militar da Missão das Nações Unidas para o Referendo no Sahara Ocidental da ONU em 1996, diretor do Instituto de Altos Estudos Militares e do Instituto de Defesa Nacional, e vice-chefe do Estado-Maior do Exército);

(iii d) e o ensino superior (no Instituto de Altos Estudos Militares, no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas e no Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica Portuguesa);

(iv) teve participação ativa em várias entidades ligadas à cidadania, foi membro do Conselho Geral da Universidade Aberta e presidente da Fundação Jorge Álvares, de 2016 a 2021, onde se mantém como curador;

(v) é académico,  correspondente da Academia Internacional da Cultura Portuguesa e membro do Conselho Supremo da Sociedade Histórica da Independência de Portugal;

(vi) publicou, em 2011, o livro "Macau nos Anos da Revolução Portuguesa - 1974/1979" e coordenou o livro "Portugal e os 50 anos da Aliança Atlântica", lançado em 1999 pelo Ministério da Defesa Nacional.

Fonte: Wook (com a devida vénia)

[Seleção, revisão e fixação de texto, negritos e itálicos: L.G.]
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Nota do editor;

Último poste da série > 1 de maio de 2023 > Guiné 61/74 - P24274: Notas de leitura (1577): "Rumo à Revolução, Os Meses Finais do Estado Novo", por José Matos e Zélia Oliveira; Guerra e Paz, Editores, 2023 (1) (Mário Beja Santos)

domingo, 18 de dezembro de 2022

Guiné 61/74 - P23892: Direito à indignação (15): A homenagem do Presidente da República Portuguesa a Amílcar Cabral, no passado dia 10, no Mindelo




1. O poste P23865, de 11 do corrente, deu origem a cerca de duas dezenas e meia de comentários (*).

A origem dos comentários, na maior parte de repúdio e indignação,  esteve na notícia da homenagem a Amílcar Cabral, por parte do Presidente da República Portuguesa. Recorde-se aqui a notícia (lacónica) publicada na página oficial da Presidência:

Presidente da República em homenagem a Amílcar Cabral
10 de dezembro de 2022


O Presidente da República participou, na Universidade do Mindelo, em Cabo Verde, na Cerimónia de Doutoramento Honoris Causa, a título póstumo, de Amílcar Cabral.

Acompanhados pelo Reitor da Universidade, instituição que comemora este ano o seu 20.º aniversário, o Presidente da República e o Presidente da República de Cabo Verde, José Maria Neves, integraram o cortejo académico e foram recebidos por estudantes na entrada da Universidade.

Já no auditório Onésimo Silveira, onde decorreu a cerimónia, o Presidente da República, após ter feito o discurso de elogio académico ao homenageado, agraciou, a título póstumo, Amílcar Cabral, com o Grande-Colar da Ordem da Liberdade, tendo entregado as insígnias ao Presidente da Fundação Amílcar Cabral e antigo Presidente da República de Cabo Verde, Pedro Pires.


2. Damos o devido relevo  aos comentários dos nossos camaradas e leitores (**):

(i) António Graça de Abreu:

Porque há valores e dignidade, e porque deveria haver respeito pelos nossos mortos, de ambos os lados da guerra, recordo:

O chefe supremo do PAIGC chamava-se Amílcar Cabral, tão querido e dado como exemplo de grande líder africano por algumas pessoas deste blogue, Mário Beja Santos, etc.,e hoje por Marcelo Rebelo de Sousa. 

O meu comentários ao post 21000, a 23 de Maio de 2020, sobre o cobarde assassinato dos três majores e do alferes do meu CAOP 1, em 1970, que foram desarmados ao encontro dos guerrilheiros, numa missão de paz, mortos a tiro, os corpos retalhados à catanada, leio, nos documentos do PAIGC:

Acta informal das reuniões do Conselho de Guerra, em 11 e 13 de Maio de 1970, manuscrita por Vasco Cabral. Membros Presentes: Amílcar Cabral, Aristides Pereira, Luís Cabral, João Bernardo Vieira (Nino), Osvaldo Vieira, Francisco Mendes, Pedro Pires, Paulo Correia, Mamadu N'Djai [Indjai], Osvaldo Silva, Suleimane N'Djai. Secretário: Vasco Cabral.

Amílcar Cabral – "Este acto foi um acto de grande consciência política e um acto de independência. Foi um acto de grande acção e de capacidade dos nossos camaradas do Norte. É a primeira vez que numa luta de libertação nacional se mata assim três majores, três oficiais superiores que, nas condições da nossa luta, equivale à morte de generais." (...)
 
Que nos valha Marcelo Rebelo de Sousa.

11 de dezembro de 2022 às 16:26

(ii) António J. P. Costa:

Qual vai ser a reacção de uma associação de ex-combatentes perante um atitude destas?
Seja ela qualquer for,  gostava de saber em que se fundamenta.

11 de dezembro de 2022 às 18:10

(iii) Antº Rosinha:


"...Cerimónia na qual participaram os chefes de Estado de Cabo Verde e de Portugal, José Maria Neves e Marcelo Rebelo de Sousa, e o presidente da Fundação Amílcar Cabral (FAC) e ex-Presidente cabo-verdiano Pedro Pires".

Umaro Sissoco Embaló, actual presidente da Pátria de Amílcar Cabral, não foi convidado? 

Rui Semedo (PAICV) e Domingos Simões Pereira (PAIGC) não fazem nenhuma falta para a história ficar mais completa ?

Claro que o nosso Presidente, quando diz que,  por uns meses, Amílcar não foi presidente, não se devia referir a Cabo Verde, porque nas colinas do Boé foi declarada a independência apenas da Guiné Bissau, em 24 de Setembro de 1973, nove meses após o seu assassinato.

11 de dezembro de 2022 às 18:44

(iv) Ramiro Jesus:
 
Ainda bem que as mães dos que morreram ou vieram estropiados da Guiné, já poucas cá estarão e muitas das vítimas directas também já partiram.

Como já lembrou o Graça de Abreu e eu aplaudo - pois também pisei a parada do CAOP1, que tinha o nome desses três majores cobardemente assassinados - considero esta condecoração uma traição.

Tenho até a impressão de que, se cá estivesse, até o progenitor do nosso Comandante-Chefe sentiria vergonha ou, pelo menos, algum incómodo com esta atitude.

Enquanto sofrermos de tantos complexos ninguém respeitável nos respeitará! (..:)

11 de dezembro de 2022 às 18:52

(v) Carlos Gaspar:

Vivemos tempos em que vale tudo, ou seja já nada, vale nada.A não ser ficar na fotografia, mesmo que se fique mal perante a história.

Subscrevo as opiniões de Ramiro Jesus, António Graça de Abreu António Pereira Costa e António Rosinha.Estamos de luto. Já no passado recente o mesmo actor correu para os braços de Fidel, sem querer saber dos que sofreram ou morreram por acçâo dos agentes de Fidel na Guiné e em Angola, Cabinda.

11 de dezembro de 2022 às 20:26

(vi) Benjamin Bacelar:

Quando ouvi a notícia fiquei mesmo muito indignado. Para quando é que este presidente reconhece que existem Antigos Combatentes ?!
 
11 de dezembro de 2022 às 21:29

(vii) José Belo:

Pode-se respeitar o inimigo (!) (... sem necessidade de rebaixamentos complexados perante o mesmo). E, ao mesmo tempo ,desvalorizar o sacrifício supremo de alguns, arrastados por forças políticas que em tudo os ultrapassava.

São estas vergonhosas “valorizações” que separam os oportunismos políticos de alguns,de todos os outros que nas guerras de África participaram e….sofreram!

Desnecessários rebaixamentos efectuados (em nome dos portugueses) por quem os representa instuticionamente. Políticos actuais então beneficiadas por resguardadas, e convenientes,”retaguardas” do governo da ditadura.

Traz à memória uma exclamação de personagem histórica do século passado ao referir um certo tipo de portugueses:

- Que choldra! 

11 de dezembro de 2022 às 22:07

(vii) Valdemar Queiroz:

"....o primeiro dia da visita oficial a Cabo Verde, Cavaco Silva foi agraciado com o primeiro grau da Ordem 'Amilcar Cabral', uma condecoração que selou o entendimento entre os dois povos e que levou Cavaco Silva a participar nesta segunda feira nas cerimónias...."

Não sei se por razões editoriais, em julho de 2010, no nosso Blogue nem uma palavra sobre o assunto da visita de Cavaco Silva a Cabo Verde. Provavelmente em julho de 2010, a música era outra ou não era 'à la mode'.

12 de dezembro de 2022 às 00:31

(viii) Eduardo Estrela:

Pois..... Deve ter sido isso, Valdemar!... Questões do âmbito editorial.

12 de dezembro de 2022 às 07:39

(ix)António J. P. Costa:

Peço desculpa por ter pedido uma reacção deste blog/associação de ex-combatentes perante a atitude do presidente Marcelo. De mais me valeria ter ficado calado...

De qualquer modo gostava de saber se o blog toma uma atitude e qual, sendo certo que lhe deveria ser chamada a atenção para a acção do "Homem Grande" da qual resultaram 9.000 mortos e um número elevado de pessoas a quem falta um bocado do corpo (ou do espírito) e com os quais ele se cruza(?) quando vai à pastelaria tomar a meia de leite antes de anunciar que se vai candidatar ao 2.º mandato. E até pode ser que alterem a constituição e ele faça um 3.º mandato...

12 de dezembro de 2022 às 09:43

(x) Carlos Vinhal:

Camarada Valdemar Queiroz: Na minha opinião, uma coisa é o Prof. Cavaco Silva ter sido, durante uma visita oficial a Cabo Verde, agraciado com da Ordem (cabo-verdiana) Amílcar Cabral, outra, bem mais grave pelo menos para nós Antigos Combatentes, é o Prof Marcelo Rebelo de Sousa ter-se deslocado a Cabo Verde para agraciar postumamente Amílcar Cabral com a Ordem (portuguesa) da Liberdade.

Aos olhos de hoje, estivemos na Guiné combatendo contra aquele povo que lutava pela sua liberdade. O nosso PR, ao agraciar Amílcar Cabral, está, como agora é moda, a pedir desculpa e a reparar moralmente os males que infligimos a coberto do regime anterior.

No meio disto tudo, qual foi então e qual é agora a nossa posição, enquanto Antigos Combatentes? O que fomos ontem e o que somos hoje? É isto que devemos discutir no Blogue e não andarmos aos "tiros" uns aos outros.
 
12 de dezembro de 2022 às 11:40

(xi) Eduardo Estrela:

Longe de mim qualquer ideia de alfinetar quem, com tanto esforço dedicação e entrega, tem contribuido ao longo de todos estes anos para a memória colectiva de Portugal, deixando um legado extraordinário para as gerações futuras.

Quando fiz menção a questões editoriais, foi no sentido de dizer que há assuntos que muito provavelmente não deveriam ser abordados no blogue, em respeito aos princípios que o norteiam de não se discutir religião política e clubite desportiva.

Penitencio-me por eventuais mal entendidos e apresento aos camaradas Luís Graça e Carlos Vinhal as minhas desculpas, extensivas ao resto dos intervenientes no blogue.
 
12 de dezembro de 2022 às 11:46

(xii) Manuel Luís Lomba:

Com ou sem contradições - e contraditórios - a história não se reescreve! Amílcar Cabral nasceu e morreu português, logo foi um libertador português, merecedor da condecoração da Ordem da Liberdade: Libertou Portugal da Guiné....

O libertador de Cabo Verde não foi Amílcar Cabral - foi o MFA! Na libertação de Cabo Verde, o PAIGC nunca deu um tiro, nunca fez um prisioneiro: O MFA deu tiros e fez prisioneiros...

12 de dezembro de 2022 às 12:39

(xiii) Abilio Duarte:

(...) Não estou de acordo, com o que o Presidente Marcelo fez...ponto. Não é desta maneira, que se branqueia tanto sofrimento.

12 de dezembro de 2022 às 16:50

(xiv) Valdemar Silva:

Meu caro Carlos Vinhal, no que eu me fui meter. Na verdade, e atiro-me pró chão, esqueci-me de escrever o que escrevi, por forma a não deixar dúvidas quanto ao não querer referir a tua intenção ou do Luís Graça na publicação deste poste. Note-se, quanto à intenção, de trazer à nossa Tabanca o tema 'vejam o que o Marcelo foi fazer'.

Como entendo, que estas questões são levadas para a política partidária, dá sempre azo a pontos de vista, que por isso até são conforme a "música" do momento.

Com certeza todos sabemos quem foi Amilcar Cabral, ele e todos os do PAIGC, que nos atacaram quando estivemos na guerra longe da nossa terra.(e podia desenvolver sobre os culpados de ter havido uma guerra mais de dez anos).

O exemplo que apontei, por não ter tido a mesma clave de dó, quanto a outro presidente ter ido a Cabo Verde, poderia ter feito o mesmo com Mário Soares e Jorge Sampaio, que quando foram em visita não disseram 'não me falem no Amilcar por causa daqueles majores'.

Mas porque os majores, quando todos dias Amilcar ou outros do PAIGC diziam 'mais uns colonialistas foram mortos pelos nossos valentes combatentes'? Já não falando das condecorações de Angola e Moçambique.

Por ser 'à la mode', provavelmente estará ou estarão a ser contactadas as Assembleias Municipais, respectivas, para picaram as placas toponímicas de Amilcar Cabral, em ruas ou praças de várias localidades do país. Quanto ao resto, meu caro Carlos Vinhal, a enaltecer a tua dedicação:

(...) Quanto abrires o teu armário
das surpresas imprevistas,
não desistas, não desistas.
E se encontrares dentro dele
farrapos velhos, desbotados,
desdenhados. Não desistas.
E se vires viscosa aranha
com peçonha no seu ventre,
olha pra ela de frente
que ela passa sem tocar-te.
Não desistas, não desistas.

(poema muitas vezes dito pelo meu amigo e nosso camarada Renato Monteiro)

12 de dezembro de 2022 às 18:11

(xv) António J. P. Costa:

O blog é, suponho eu, uma associação de ex-combatentes. Já foi perguntado aos ex-combatentes afinal o que queriam. A resposta foi simples e complexa ao mesmo tempo: Respeito.

Depois vieram aquelas "benesses" de que todos desfrutamos e que aceitamos sem contestar.
Mas isto a que se assistiu passou das marcas. Não é necessário fazer grandes esforços de memória. Basta recordar os que morreram ou ficaram com um bocado do corpo (ou do espírito) a menos por se terem agrupado connosco sob o mesmo número de unidade militar. Não é sequer necessário procurar as mortes ou os ferimentos mais "relevantes" e que não esqueceremos. Sabemos que os dolorosos factos ocorreram e é isso que é suficiente para se tornar imoral a atribuição de condecoração da Ordem da Liberdade ao Chefe do Inimigo, pelo Presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa e com um discurso verdadeiramente inaceitável em que as "frases bombásticas" e laudatórias atingem a ofensa.

Já disse que perdi a guerra, mas temos de concordar que o presidente do meu pais (democraticamente eleito), vir a público louvar o chefe dos inimigos é uma desconsideração é um desrespeito para com todos os que deram o seu esforço durante onze anos na guerra da Guiné.(...)

13 de dezembro de 2022 às 13:01

(xvi) Valdemar Queiroz:

Isto é tudo muito bonito, como diria o outro. E acrescentava:

- 18-06-1990: Nino Vieira em Portugal é recebido pelo 1º. Ministro Cavaco Silva
- 01-07-1996: Nino Vieira visita Portugal é oferecido um banquete com as principais figuras
do Estado
- 1999 a 2005: Nino Vieira viveu em Portugal.

Quantos portugueses teriam morrido por ataques dirigidos por Nino Vieira ou até por ele próprio?

Os tempos eram outros, calhando a clave de dó não se percebia e nem sequer havia música.
Agora só falta chamar nomes aos camaradas que vão à Guiné como cooperantes e que vão sempre abraçar antigos INs, do PAIGC, que várias vezes lhes atacaram o Quartel.

(xvii) Carlos Vinhal

Caríssimo Valdemar Queiroz: Em 18/06/1990, o Presidente da Guiné-Bissau, Nino Vieira, foi recebido pelo Primeiro-Ministro de Portugal, Prof Cavaco Silva e pelo Presidente da República Portuguesa, Dr. Mário Soares. Em 01/07/1996, o Presidente da Guiné-Bissau, Nino Vieira, esteve em visita oficial a Portugal. Entre 1999 a 2005, Nino Vieira esteve a viver em Vila Nova de Gaia na qualidade de refugiado da Guiné-Bissau.

Em Dezembro de 2022, o nosso Presidente desloca-se expressamente a Cabo Verde para condecorar, postumamente, com a Ordem da Liberdade, o fundador do PAIGC, Amílcar Cabral, a quem esta condecoração não aquenta nem arrefenta. Qual terá sido o motivo desta distinção? Por que não foi explicada? Acho até que se fez um silêncio ensurdecedor em volta desta viagem relâmpago e do seu motivo principal.

14 de dezembro de 2022 às 19:51

3. Acrescente-se mais dois comentários que nos chegaram por email ou Formulário de Contacto do Blogger:

(xviii) António Carlos Morais Silva (através do Formulário de Contacto do Blogger,  em 17/12/2022, 22:47):

O 'homem grande' Amílcar Cabral", disse ainda o chefe de Estado, ao anunciar a entrega à família do Grande Colar da Ordem da Liberdade "em nome de Portugal". "Como esperar um dia mais para prestar uma homenagem por tanto tempo adiada?"

Assim se desonra a memória dos 1127 expedicionários Mortos em Combate nas terras da Guiné. Amparado no grande Miguel Torga repito: “Somos, socialmente, uma colectividade pacífica de revoltados”

(xix) Morais Silva, por mensagem de hoje, às 11:25:


Por ser leitor do blog https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com, sei que Mexia Alves é um ex-combatente (Guiné). Também eu não aceito que se condecore o Chefe Inimigo responsável pela morte de 1127 expedicionários, Mortos em Combate na Guiné, entre os quais uma dezena dos meus subordinados.

Marcelo é um populista que em cada 24 horas transforma a presidência num circo. Condecorar, em nome da República, quem destruiu/destrói a vida dos Nossos só merece o desprezo de quem combateu em África e não renega o que fez nem ensaia tardios e cobardes actos de contrição.

segunda-feira, 4 de outubro de 2021

Guiné 61/74 - P22598: In Memoriam (409): Lissy Jarvik (née Feingold) (1924-2021): teve no seu funeral a presença do nosso cônsul honorário em Los Angeles e o senhor Presidente da República emitiu uma mensagem de condolências (João Crisóstomo, Nova Iorque, de passagem por Portugal, adviser da Sousa Mendes Foundation, com sede nos EUA)


Lssy Jarvik em Liboa, 2016 (#)
1. Mensagem de João Crisóstomo, em complemento do poste P22594 (*):

Data - domingo, 3/10, 21:17  

Assunto . Mensagem do senhor Presidente da República

Caro Luis Graça,

Conforme nossa conversa:

Fiquei satisfeito que o nosso consul honorário em Los Angeles tivesse recebido instruções para estar presente no funeral de Lissy Jarvik, mas ao mesmo tempo sentia que ela merecia/merece muito mais. Por isso contactei a Presidência da República na esperança de que o Senhor Presidente,  com uma mensagem,  desse maior relevância a esta “ despedida” a Lissy .

Foi com muita satisfação que recebi uma mensagem de Sua Excelência que tenho muito gosto em poder dar a conhecer.

Abraço. João

(#) Fonte: Fotograma do vídeo (2' 02'') da reportagem "Refugiados salvos por Aristides de Sousa Mendes em Portugal". RTP Ensina (com a devida vénia...)
 
________________

Presidência da República Portguesa:

Caros João Crisóstomo e Paulo Menezes,

Encarrega-me Sua Excelência, o Presidente da República de Vos enviar a mensagem de condolências para o funeral da professora Lissy Jarvik, pedindo que a façam chegar aos familiares mais próximos:

"Ao tomar conhecimento do falecimento da Professora Lissy Jarvik, apresento as minhas sentidas condolências à família e amigos, bem como à Sousa Mendes Foundation US , que ajudou a fundar e a que presidiu. Neste momento de luto, e recordando o seu percurso de 97 anos, quero agradecer, em nome de todos os portugueses, o papel que representou no reconhecimento internacional de Aristides de Sousa Mendes, o cônsul português que lhe concedeu um visto em Bordéus.

O testemunho da Professora Lissy Jarvik junto do Yad Vashem, em conferências, trabalhos de investigação e em vários filmes e documentários foi determinante para a evocação da memória do português que “preferiu estar com Deus contra os homens do que com os homens contra Deus”.

 O entusiamo e empenho nas celebrações do quinquagésimo aniversário da morte de Aristides de Sousa Mendes, promovendo o Projecto Dia da Consciência, entretanto reconhecido pelo Papa Francisco, não nos fará esquecer o legado de Lissy Jarvik. Um legado de coragem e defesa da dignidade da pessoa humana, imperativo de consciência e cidadania, fiel aos valores que Aristides de Sousa Mendes representa e sempre defendeu.

Valores que serão novamente evocados a 19 de outubro, data da Cerimónia de Honras de Panteão Nacional a Aristides de Sousa Mendes.”


Maria João Ruela

Consultora Assuntos Sociais, Sociedade e Comunidades
Casa Civil do Presidente da República


2. Sobre a professora e psiquiatra geriátrica, jubilada, Lissy Jarvik  - Feingold, apelido de família, casada com Murray Jarvik 1923 - 2008) - ,  nascida nos Países Baixos, de origem  judia, e refugiada em Portugal, de junho de 1940 a janeiro de 1941, importa saber mais o seguinte:

A família Feingold recebeu vistos assinados por Manuel de Vieira Braga, por delegação de Aristides de Sousa Mendes, em Bayonne, França em 20 de junho de 1940: Leo Feingold, 53 anos; Lissy Feingold, 15; Regina Feingold (Engelart, apelido de solteira), 38; Sonja Gerda Feingold, 13. Viajaram para Portugal, fixando residência na Figueira da Foz. Embarcaram, em Lisboa, com destino a Nova Iorque, em janeiro de 1941, no navio "Lourenço Marques". 


O nosso camarada e amigo João Crisóstomo é "adviser" da Sousa Mendes Foundation, um dos fundadores e antigo dirigente desta fundação, criada nos Estados Unidos justamemte para homenagear este herói português,  e tendo como missão concreta: angariar fundos para o restauro da Casa do Passal, em Cabanas de Viriato, Carregal do Sal,  e a criação de um museu.


TESTEMUNHO DE LISSY JARVIK (FEINGOLD, APELIDO DE SOLTEIRA)
ESCRITO EM 1996


Sem Aristides de Sousa Mendes eu não estaria aqui.
É tão simples quanto isso.

Sem Aristides de Sousa Mendes eu teria sofrido torturas
tão dolorosas e tão prolongadas
que a morte teria sido um alívio bem-vindo.

Sem Aristides de Sousa Mendes eu teria perdido meio século de vida -
meio século que me permitiu respirar; viver, amar -
amadurecer, casar, ter filhos, estudar, ensinar
e ainda ajudar algumas pessoas individualmente, 
bem contribuir um pouco mais para nossa base de conhecimento s
obre envelhecimento e saúde mental;

E eu teria perdido a oportunidade de fazer parte de um país
que era a casa de um povo verdadeiramente livre,
um país que ofereceu oportunidades 
para os não-privilegiados, os oprimidos, os necessitados -
para pessoas como eu.

Tradução;  Google / LG

TESTIMONIAL OF LISSY JARVIK NÉE FEINGOLD
WRITTEN IN 1996


Without Aristides de Sousa Mendes I would not be here.
It's as simple as that.

Without Aristides de Sousa Mendes I would have suffered tortures
so grievous and so prolonged
that death would have been a welcome relief.

Without Aristides de Sousa Mendes I would have missed out
on half a century --
half a century which allowed me to breathe; to live, to love -
to mature, to marry, to have children, to study, to teach
and to help a few people individually
as well as to contribute a little bit to our knowledge base on aging and mental health;

And I would have missed out on becoming part of a country
which was the home of a truly free people,
a country which offered opportunity to
the disenfranchised, the downtrodden, the needy --
to people like me.


___________

Notas do editor:

3 de outubro de 021 > Guiné 61/74 - P22594: In Memoriam (408): Lissy Jarvik (1924-2021), de origem judia holandesa, foi salva por um visto do nosso Aristides Sousa Mendes; mais tarde, já eminente médica, especialista em psiquiatria geriátrica, tornou-se uma dos grandes paladinos da memória do cônsul português de Bordéus (João Crisóstomo, Nova Iorque, agora de passagem por Portugal)

quarta-feira, 28 de abril de 2021

Guiné 61/74 - P22149: Efemérides (348): Um discurso para a História ? Mais do que isso: um discurso sobre a nossa história e a nossa identidade, o do Presidente da República Portuguesa nos 47 anos do 25 de Abril... Para ler, reler, analisar e comentar... (Luís Graça, editor)


Portugal > Assembleia da República > 25 de abril de 2021 > O Presidente da República Portuguesa  Marcelo Rebelo de Sousa, no seu discurso solone de encerramento, por ocasião dos 47 anos do 25 de Abril.

Foto: Página oficial da Presidência da República Portuguesa (com a devida vénia...)



1. A intervenção do Presidente da República Portuguesa [PRP], Marcelo Rebelo de Sousa, na Assembleia da República, por ocasião dos 47 anos do 25 de Abril, mereceu  um amplo e justo eco na sociedade civil, na classe política, na comunicação social.... E tem sido comentado como um dos melhores discursos da sua carreira. 

Mais do que o unamismo, importa realçar o seu apelo a um consenso na leitura histórica não só da "revolução dos cravos" como de todos os seus antecedentes, imediatos e mediatos.  60 anos não é nada para se poder compreender e explicar como é que que em 1974 Portugal iniciou um processo de  tão profundas (e também dolorosas) mudanças políticas, económicas, militares, demográficas, sociais, mentais, culturais e geográficas, voltando às suas fronteiras (terrestres e marítimas) do séc. XIV, depois dos 13 anos e tal da guerra colonial / guerra do ultramar.

Mais do que um discurso para a História, é, no nosso entender,  uma discurso  sobre a nossa história e a nossa identidade,  sobre Portugal enquanto Nação, Estado e Pátria, e que merece ser lido, relido, analisado e comentado num blogue como o nosso, de amigos e camaradas da Guiné, antigos combatentes, para quem a Pátria tem sido madrasta...

Não é um discurso neutro, muito menos "populista", pelo contrário, é também uma proposta de afectos, um discurso, liberto da tradicional ganga ideológica ou do tom panfletário do discurso político, à esquerda ou à direita... Um discurso que também não é meramente institucional, tem um propósito pedagógico, em que se arrisca e se partilha uma visão sinótica do nosso porvir e devir enquanto portugueses, no que temos de melhor, de bom e de menos bom (, de resto, como todos os povos). Nunca, em caso algum, um discurso maniqueísta, separando bons e maus, esquerda e direita, vencedores e vencidos, "nós e os outros"... Intecionalmente ou não, o PRP evitou os "ismos" que não nos unem, só nos separam...

É ainda um discurso que faz bem à nossa autoestima depois de um mais ano, duro, difícil, doloroso, trágico, de luta contra a pandemia de Covid-19. E contra uma certa tendência das nossas elites (, que o povo depois replica) para, a torto e a direito, com ou sem razão, se invocar aquilo que chamam a nossa "pecha nacional", a nosso "transtormo bipolar coletivo",  que, depois de Alcácer Quibir, nos tem  levado, como diz o PRP, a periodos de autoflagelação, por um lado, ou de autoglorificação,  por outro... Na realidade, parece termos gozo em passar, muito rapidamente,  "de bestiais a bestas" e vice-versa....

Enfim, é  um discurso de inclusão, de tolerância, de reconciliação (connosco, com os outros povos lusófonos, irmãos, com a nossa História comum...), e de esperança, ao fim e ao cabo, no Portugal futuro (, como diria o poeta Ruy Belo).

Embora podendo incorrer na acusação de violação  de uma das nossas regras editoriais básicas (, o blogue não se deve imiscuir na atulidade noticiosa, e mormemente em questões de política partidária, religião proselitista e clubismo desportivo), achamos que este discurso está para além da efeméride e do efémero, devendo chegar ao conhecimento do maior número dos nossos leitores e, se possível, ser amplamente comentado. 

Na realidade, o PRP não se limita a evocar aqui os "shareholders" (os atores pincipais do 25 de Abril e da descolonização) mas todos os "stakeholders" (todos os que, direta ou indiretamente, foram afectados, positiva ou negativamente pelos acontecimentos de há 60 anos): não só os combatentes de um lado e do outro, mas também todas as vítimas do(s) conflito(s), dos retornados aos povos das ex-colónias que se viram depois envolvidos em guerras civis  e invasões estrangeiras (em especial Angola, Guiné, Moçambique e Timor), em esquecer os que "alinharam no lado errado da história", os nossos camaradas africanos que integraram as fileiras das Forças Armadas Portugueses [mais de 400 mil num milhão de homens em armas], e que foram esquecidos e abandonados por uns, e condenados por outros.

Para tornar a  leitura do discurso mais fácil, vamos intercalá-lo com subtítulos e comentários da nossa lavra, em negrito,  metidos em parêntes rectos [  ]. O discurso do PRP vai em itálico. Algumas palavras e frases  também vão simulataneamente em itálico e negrito. Os substítulos estão alinnhados ao centro, os nossos comentários à direita. (LG)


Discurso do Presidente da República na Sessão Solene Comemorativa do 47.º aniversário do 25 de Abril 

25 de abril de 2021

(...) Portugueses,

 
[15 de março de 1961: o início da guerra do ultramar / guerra colonial]

Passaram, há um mês, sessenta anos sobre o início de um tempo que haveria de anteceder e determinar a data de hoje, aquela que aqui evocamos, 25 de Abril de 74.

Um tempo feito de vários tempos e modos que para sempre marcou a vida de mais de um milhão de jovens saídos das suas terras para atravessarem mares e viverem e morrerem noutro continente ou dele regressarem alguns com traços indeléveis na sua saúde.

Que para sempre marcou a vida das suas famílias, dos seus lugares, das suas aldeias, das suas vilas e mesmo das suas cidades, no fundo de todo um Portugal durante treze anos ou um pouco mais.

Que para sempre marcou a vida daqueles que, por opção de princípio, recusaram aquela partida e rumaram a outros destinos continuando ou iniciando uma luta contra o que estava e queria permanecer. 

[Referêna a exilados políticos e militantes da(s) oposição(ões)
 ao Estado Novo ,  mas também faltosos, refractários, desertores 
das Forças Armadas Portuguesas]

Que para sempre marcou a vida dos que já lá vivendo idos eles ou os seus antepassados de terras daquém mar de lá vieram, no termo desses longos anos, ou lá ficaram e estão para ficar.

[Referências aos habitantes das colónias/províncias ultramarinas, 
essencialmente de origem europeia, que, na sua grande maioria, 
perto de um milhão, tiveram que refazer as suas vidas, noutros territórios: 
Portugal Continental e Insular, Brasil, Africa do Sul, Venezuela, etc.]

Que para sempre marcou a vida dos que viveram e morreram do outro lado da trincheira para conquistarem o que alcançaram definitivamente depois do 25 de Abril de 74.

[Referência aos militantes e simpatisantes 
dos movimentos nacionalistas - PAIGC, FLING, MPLA, 
UPA, FNLA,  UNITA, FRELIMO, RENAMO, FRETILIN, etc., 
que lutaram e morreram no conflito.]


Que para sempre marcou a vida de famílias, de lugares, de aldeias, de vilas e mesmo de cidades de Pátrias afirmadas como Estados independentes após treze anos ou um pouco mais de um tempo ainda não tão vizinho de nós e todavia já tão longínquo para tantas gerações.


[Império Colonial Português: dos "Descobrimentos" ao "Colonialismo"]


Que não foi um tempo desprendido de outros tempos. Foi o que foi porque as décadas que o precederam, o século que o precedeu, os cinco séculos que o precederam criaram ou prolongaram contextos que o haveriam de definir e condicionar.

E por isso é tão difícil dir-se-ia até impossível explicar qualquer que seja a visão de cada qual esses treze anos ou um pouco mais sem falar do Portugal dos anos 20 aos anos 70; do Portugal do final do século XIX aos anos 20; do Portugal dos vários pequenos ciclos de que se fizeram o Império Colonial e as relações coloniais nele vividas.

[Olhares: os de hoje e os do passado]

Olhar com os olhos de hoje e tentar olhar com os olhos do passado que as mais das vezes não nos é fácil entender sabendo que outros, ainda, nos olharão no futuro de forma diversa dos nossos olhos de hoje.

Acreditando muitos, nos quais me incluo, que há no olhar de hoje uma densidade personalista, isto é, isto é de respeito da dignidade da pessoa humana e dos seus direitos, na condenação da escravatura e do esclavagismo, na recusa do racismo e das demais xenofobias que se foi apurando e enriquecendo, representando um avanço cultural e civilizacional irreversível.

Acreditando muitos, nos quais também me incluo, que o olhar de hoje não era nas mais das vezes o olhar desses outros tempos.

O que obriga a uma missão ingrata: a de julgar o passado com os olhos de hoje, sem exigir, nalgumas situações, aos que viveram esse passado que pudessem antecipar valores ou o seu entendimento para nós agora tidos por evidentes, intemporais e universais, sobretudo se não adotados nas sociedades mais avançadas de então.

Se esta faina é ingrata para séculos remotos que não se pense que ela é desprovida de dificuldades para tempos bem mais recentes
.

[Colonialismo: o continente africano dividido a régua e esquadro]

Continua a ser complexo entendermos tantos olhares do fim do século XIX quando os impérios esquartejaram a régua e esquadro o continente africano ou do começo do século XX quando o império monárquico passou a império republicanos.

[Referência à conferência de Berlim, de 1884-86
e à divisão e partilha de África 
pelas principais potências europeias]


Mais óbvio é pelo contrário o juízo sobre o passado ainda mais recente quando outros impérios terminaram e o império português retardou, por décadas, o processo descolonizador, recusando-se a ouvir conselhos da História e apenas extinguindo o indigenato nos anos 60, ou seja, uma dúzia de anos antes de 74.

[Referência  às reformas feitas no Estado Novo, 
no que diz respeito à adminuistração colonial, 
nomeadamente a partir de 1951, 
e culminado na abolição do estatuto do indígena, 
com Adriano Moreira, em 1961]


[Revisitar a história, com recauções: 
a 1ª precaução: nem santificação nem diabolização]


Este revisitar da história aconselha algumas precauções. A primeira é de não levarmos as consequências do olhar de hoje, sobre os olhares de há 8,7,6,5,4,3, 2 séculos ao ponto de passarmos de um culto acrítico triunfalista exclusivamente glorioso da nossa história, para uma demolição global e igualmente acrítica de toda ela, mesmo que a que a vários títulos é sublinhada noutras latitudes e longitudes.

Monarcas absolutos e portanto ditatoriais aos olhos de hoje, e foram a maioria, seriam globalmente condenados independentemente do seu papel na Fundação, na unificação territorial, na Restauração, na diplomacia europeia intercontinental.

Com monarcas e governantes no liberalismo, que os houve, prospetivos na história que fizeram ou refizeram no século XIX às vezes com a singularidade improvável de um Príncipe Regente no Brasil, filho primogénito do nosso Rei, que declarou a independência dessa potência do presente e do futuro sendo o seu primeiro Imperador e vindo a lutar pela liberdade e a morrer em Portugal, no mesmo quarto onde nascera trinta e cinco anos duas coroas e uma independência antes. Ou personalidades do liberalismo republicano importantes no centro ou na periferia do Império como Norton de Matos.

[Referência a figuras relevantes na história da colonização portuguesa 
como D. Pedro IV filho de D. João VI,  ou o gen Norton de Matos, 
político da República demoliberal e colonial, mas poderiam citar-se outros 
que foram  dissidentes do Estado Novo, como o gen Humberto Delgado 
ou o capitão Henrique Galvão ]


[2ª Precaução: 
adotar também o olhar do "outro", o "colonizado"]

Segunda precaução: é de aprendermos a olhar, em particular quanto ao passado mais imediato, com os olhos que não são os nossos, os do antigo colonizador, mas os olhos dos antigos colonizados, tentando descobrir e compreender, tanto quanto nos seja possível, como eles nos foram vendo e julgando, e sofrendo, nomeadamente onde e quando as relações se tornaram mais intensas e duradouras e delas pode haver o correspondente e impressivo testemunho.

[3ª Precaução: 
o desfasamento geracional]

Terceira precaução: essa a mais sensível de todas por respeitar a tempos muito, muito presentes nas nossas vidas. 

Aqueles de nós portugueses que têm menos de 50 anos não conheceram o Império colonial nem nas lonjuras nem na vivência, aqui, no centro. O seu juízo é naturalmente menos emocional, menos apaixonado. Admito que assim não seja, porém, em muitos jovens das sociedades que alcançaram a independência contra o Império Português e viveram depois décadas conturbadas pelos reflexos de vária natureza da anterior situação colonial.

Já para os portugueses com mais de 50 ou 55 anos o revisitarem a infância ou a juventude é mais desafiante. É uma mistura de recordações, de novos mundos descobertos, de desenraizamentos ou novos enraizamentos, de primeira desertificação do interior do Continente, de migrações e muitas mais imigrações, de transformações pessoais, familiares, comunitárias, de mortes choradas, de sinais na saúde e na vida, de traumas os mais diversos e em momentos diferentes por aquilo que sonharam e se fez, por aquilo que sonharam e se desfez, pelo que sofreram e ficou, pelo que esperaram aguentaram e sentem nunca ter tido reconhecimento bastante.


[Dos 3 DDD do 25 de Abril à atual Pandemia de Covid-19]

Para todos eles e muitos mais o juízo é tão complexo como complexa foi a mudança histórica que neste dia evocamos, na sua abertura para a Descolonização, para o Desenvolvimento, para a Liberdade, para a Democracia. Desenvolvimento, Liberdade e Democracia, sabemo-lo todos, sempre foram imperfeitos e por isso não plenos. Porque nunca tendo resolvido uma pobreza estrutural de dois milhões de portugueses e desigualdades pessoais e territoriais, e desinstitucionalizações, que aqui referi em 2016 e 2018, que a pandemia veio revelar e acentuar.

[25 de Abril de 1974; a complexidade e perplexidade da mudança histórica]

Mas foi complexa essa mudança histórica em 74. Fruto da resistência de muitas e muitos durante meio século com os seus lseguidores políticos sentados neste hemiciclo. Ela ganhou o seu tempo e o seu modo decisivos no gesto essencial dos Capitães de Abril, aqui qualificadamente representados pela Associação 25 de Abril e que saúdo, reconhecido, em nome de todos os portugueses. 

Esses Capitães de Abril não vieram de outras galáxias, nem de outras nações, nem surgiram num ápice naquela madrugada para fazerem história. Transportavam consigo já a sua história, as suas comissões em África, uma, duas, três, alguns quatro, anos seguidos nas nossas Forças Armadas, tendo de optar todos os dias entre cumprir ou questionar, entre acreditar num futuro querido ou que outros definiam ou não acreditar, entre aceitar ou a partir de certo instante romper, tudo em situações em que a linha que separa o viver e morrer é muito ténue apesar dos princípios, das regras, dos ditames escritos por políticos e juristas em gabinetes, que não são os cenários em que a coragem se soma à sobrevivência e à solidariedade na camaradagem. Pois foram estes homens, eles mesmos, não outros, os heróis naquela madrugada do 25 de Abril.

Como haviam sido eles e muitos, muitos mais os combatentes ano após ano nas longínquas fronteiras do Império. Como foram eles quem acabou por aceitar para símbolos públicos face visível da mudança oficiais mais antigos encimados pelos que haveriam de ser os dois primeiros Presidentes da República na transição para a Democracia. Que não eram, não tinham sido militares de alcatifa. Tinham sido grandes chefes militares no terreno e nele responsáveis por anos de combate, de coordenação com serviços de informação e de atuação anti guerrilha, de proximidade das populações.

[Referência a Spínola e Costa Gomes, 
dois brilhantes combatenetes, 
que foram os primeiros PRP da transição para a Democracia, 
sem esquecer depois o primeiro presidente eleito, 
António Ramalho Eanes, que significativa e simbolicamente 
recusou o bastão de Marechal]

Foi assim aquele dia 25 de Abril antes de suscitar o Processo Popular Revolucionário que o seguiu e apoiou. Antes de ser hoje património nacional em que o seu único soberano é o povo português.

Foi no seu eclodir resultado de décadas de resistência e depois crucialmente grito de revolta de militares que tinham dado anos das suas vidas à Pátria no campo de luta e que sentiam estar a combater sem futuro político visível ou viável presididos eles, e todos nós, por dois Chefes Militares um após outro que tinham conhecido intensa e prolongadamente o que é a guerra de guerrilha em missões militares e cargos politico ou militares os mais relevantes.

Eis por que razão é tão justo galardoar os Militares de Abril tendo merecido já uma homenagem muito especial aquele, de entre eles, que depois de ter estado no terreno veio a ser peça chave na mudança de regime e primeiro Presidente da República eleito da democracia portuguesa, e que sempre recusou o Marechalato que merecia e merece, o Presidente António Ramalho Eanes.

Eis também porque é tão difícil o juízo sobre uma história tão recente salvo naquilo que é de mais óbvio consenso: o consenso naquilo em que o Império não entendeu o tempo que o condenara. A ditadura não podia entender o tempo que a tinha condenado de forma irrefragável e ainda mais evidente a partir de 58 e da saga de Humberto Delgado e a relação colonial não conseguira entender a raiz da inevitabilidade da sua inconsequência.


[Prioridades: (re)pensar passado, presente e futuro]


Estas reflexões são atuais porque nada como o 25 de Abril para repensar o nosso passado quando o nosso presente ainda é tão duro e o nosso futuro é tão urgente.

E ainda porque a cada passo pode ressurgir a tentação de converter esse repensar do passado em argumento de mera movimentação tática ou estratégica num tempo que ainda é será de crise na vida e na saúde e de crise económica e social encaremos com lúcida serenidade o que pode agitar o confronto político conjuntural, mas não corresponde ao que é prioritário para os portugueses. E além de não ser prioritário nestes dias de crises é duvidoso que o seja alguma vez.

É prioritário estudar o passado e nele dissecar tudo: o que houve de bom e o que houve de mau. É prioritário assumir tudo, todo esse passado, sem autojustificações ou autocontemplações globais indevidas, nem autoflagelações globais excessivas.


E no caso do passado mais recente assumir a justiça largamente por fazer ao mais de um milhão de portugueses que serviram pelas armas o que entendiam ou lhes faziam entender constituir o interesse nacional. Aos outros milhões que cá ou lá viveram a mesma odisseia. Aos milhões que lá e cá a viveram do outro lado da história combatendo o Império colonial português batendo-se pelas suas causas nacionais ou a viveram do mesmo lado, mas ficaram esquecidos, abandonados por quem regressou e condenados por quem nunca lhes perdoou o terem alinhado com o oponente.

Aos muitos, e eram quase um milhão, que chegaram rigorosamente sem nada depois de terem projetado uma vida que era ou se tornou impossível. Aos muitos, e eram milhões, que sofreram nas suas novas Pátrias conflitos internos herdados da colonização ou dos termos da descolonização.

Até por respeito para com todas estas e a todos estes, que se faça história e história da História, que se retire lições de uma e de outra sem temores nem complexos, com a natural diversidade de juízos, própria da democracia. Mas que se não transforme o que liberta, e toda a revisitação o mais serena possível e liberta ou deve libertar em mera prisão de sentimentos, úteis para campanhas de certos instantes, mas não úteis para a compreensão do passado a pensar no presente e no futuro.

[O MFA e a CPLP: entender o essencial que nos une]

O 25 de Abril foi feito para libertar, sem esquecer nem esconder, mas para libertar e os que o fizeram souberam superar muitas das suas divisões durante a Revolução e depois dela a pensar na unidade essencial da mesma Pátria tomando os termos simplificadores desses tempos sensibilidades diferentes no Movimento das Forças Aramadas que se chocaram então, não deixaram de entender depois que a unidade essencial de uma rutura depois feita Revolução ela própria composta de várias revoluções tudo o mais sobrepuja. Nações irmãs na língua têm sabido encontrar-se connosco e nós com elas e têm sabido julgar um percurso comum olhando para o futuro ultrapassando séculos de dominação política, económica, social, cultural e humana.


[2024: meio século do 25 de Abril]

Que os anos que faltam até ao meio século do 25 de Abril sirvam a todos nós para trilharmos um tal caminho como a maioria dos portugueses o tem feito nas décadas volvidas fazendo de cada dia um passo mais no assumir as glórias que nos honram e os fracassos pelos quais nos responsabilizamos, e bem assim no construir hoje coesões e inclusões e no combater hoje intolerâncias pessoais ou sociais.

Quem vos apela a isso mesmo é o filho de um governante na Ditadura e no Império, que viveu na que apelida de sua segunda Pátria o ocaso tardio inexorável desse Império, e viveu depois, como constituinte, o arranque do novo tempo democrática. Charneira como milhões de portugueses, entre duas histórias da mesma História e nem por exercer a função que exerce olvida ou apaga a história que testemunhou. Como nem por ter testemunhando essa história deixou de ser eleito e reeleito pelos portugueses em democracia. Democracia que ajudou a consagrar na Constituição que há 45 anos nos rege.

[A humildade e acoragem de assumir o seu lugar no passado e no presente, 
por parte do atual PRP que, nascido em 1948, viveu parte da juventude 
em Moçambique  quando o pai, o médico Baltazar Rebelo de Sousa (1921-2002), 
foi lá Governador Geral, em 1968/70,  
e homem forte do regime, no consulado de Marcelo Caetano: 
ministro da Saúde e Assistência, em 1970/73, 
e depois Ministro do Ultramar, 1973/74 ]


Que o 25 de Abril viva sempre, como gesto libertador e refundador da história. Que saibamos fazer dessa nossa história lição de presente e de futuro, sem álibis nem omissões, mas sem apoucamentos injustificados querendo muito mais e muito melhor.

Não há, nunca houve um Portugal perfeito. Como não há, nunca houve um Portugal condenado.

Houve, há e haverá sempre um só Portugal. Um Portugal que amamos e nos orgulhamos para além dos seus claros e escuros também porque é nosso.

Nós somos esse Portugal.

Viva o 25 de Abril!

Viva Portugal!
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Fonte: 

https://www.presidencia.pt/atualidade/toda-a-atualidade/2021/04/discurso-do-presidente-da-republica-na-sessao-solene-comemorativa-do-47-o-aniversario-do-25-de-abril/ 

[Seleção, revisão, substítulos, comentários, itálicos e negritos, para efeitos de edição neste blogue: LG, com a devida vénia...]

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Nota do editor:

sexta-feira, 15 de novembro de 2019

Guiné 61/74 - P20349: (In)citações (139): Recuperação do Monumento Português de Newport, EUA: "Pelo que tem de significado hstórico, pela sua ligação ao oceano que une portugueses e norte-americanos, pela sua importância na afirmação da Comunidade Luso-Americana, o Presidente da República saúda todos os compatriotas que asseguram a preservação do Monumento Português em Newport (excertos de carta, pessoal, enviada ao João Crisóstomo, em data de 4/11/2019)


Newport, Brenton Park, Portuguese Discovery Monument.
Foto de João Crisóstomo (2019)
Cópia de carta do PR, gentilmente cedida pelo João Crisóstomo, Nova Iorque (*), que acaba de publicar, no nosso blogue, um poste sobre o supracitado monumento (**).

"O Monumento às Descobertas Portuguesas é uma homenagem aos navegadores portugueses da Idade de Ouro da exploração marítima, que se estendeu desde o início dos anos 1400 até ao final de 1500. O Monumento é a jóia da coroa da Fundação do Monumento Português, cuja missão é apoiar as comunidades luso-americanas. O Parque está disponível para uso do público e a Fundação incentiva essas comunidades a descobrir tudo o que o Parque tem para oferecer!"

Fonte: tr. de "Portuguese Discovery Monument"
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de  15 de novembro de 2019  > Guiné 61/74 - P20348: Memória dos lugares (399): O Monumento das Descobertas Portuguesas, em Brenton Park, Newport, R. I., Estados Unidos, réplica ds "Rosa dos Ventos" em Sagres (João Crisóstomo, régulo da Tabanca da Diáspora Lusófona)

(**) Último pste da série >  2 de agosto de 2019 > Guiné 61/74 - P20030: (In)citações (138): A minha Guerra da Guiné: a Leste, algo de novo... (Manuel Luís Lomba, ex-Fur Mil Cav da CCAV 703)


terça-feira, 3 de julho de 2018

Guiné 61/74 - P18806: Ser solidário (214): SOS!!!... SOS!!!... Por Timor Leste e pela língua portuguesa... Há um esforço (deliberado) da Austrália para fomentar o uso do inglês, e da Indonésia, para promover o bahasa... Camarada, manda até ao fim do dia um email ao Senhor Presidente da República para que envolva Portugal e os portugueses nesta campanha em defesa da educação, em português, na pátria de Xanana Gusmão e Ramos Horta... O verdadeiro "campeonato do mundo", não o da bola mas o do futuro, joga-se e ganha-se aqui... (João Crisóstomo, Nova Iorque)

a

Timor-Leste > Símbolos Nacionais > Bandeira: "A bandeira nacional é rectangular e formada por dois triângulos isósceles de bases sobrepostas, sendo um triângulo preto com altura igual a um terço do comprimento que se sobrepõe ao amarelo, cuja altura é metade do comprimento da bandeira. No centro do triângulo de cor preta fica colocada uma estrela branca de cinco pontas, que simboliza a luz que guia. A estrela branca apresenta uma das pontas viradas para a extremidade superior esquerda da bandeira. A parte restante da bandeira tem a cor vermelha. Amarelo - os rastos do colonialismo; Preto - o obscurantismo que é preciso vencer; Vermelho - a luta pela libertação nacional; Branco - a paz. Iin "Constituição da República Democrática de Timor-Leste", Parte 1, Artigo 15º".

(Fonte: Portal do Governo de Timor-Leste, que é em Tetum, em Português e em Inglês)

João Crisóstomo
1. Mensagem do nosso amigo e camarada João Crisóstomo (Nova Iorque), a quem o saudoso cardeal patriarca de Lisboa,  Dom José Policarpo (1936-2014) chamava "o berbequim", devido à persistência, teimosia e coerência com que luta(va) pelas causas em que se empenha(va):

Data: 3 de julho de 2018 às 13:02
Assunto: SOS! SOS!

SOS...SOS....

Para quem vacila, eu quero responder a uma pergunta que me puseram sobre o porquê da minha campanha por Timor Leste (*)  quando outras nações da CPLP também precisam de ajuda. 

É que, no que se refere à língua portuguesa, Timor Leste é um caso único de muita preocupação: eu constatei -  e muitos outros me dizem terem verificado o mesmo - que há aí um esforço deliberado de muitas partes, especialmente da Austrália, fomentando o uso do Inglês, e da Indonésia que promove o uso língua indonésia bahasa, para acabar com o uso da língua portuguesa. 

Eu quero citar um exemplo deste evidente esforço que eu mesmo experimentei e sou testemunha: mesmo no centro de Dili, com cinismo, irónico e premeditado, pois foi nada mais nada menos que dentro do "Centro Alexandre Gusmão! - o que pode parecer parece incrível, mas é pura verdade. 

Foi aí mesmo que isto sucedeu: quando eu fiz uma pergunta em português,  houve um indivíduo aí presente nesse momento que veio ter comigo e me disse para falar inglês: "Aqui não se fala português, que é uma língua sem importância". 

Evidentemente que causei um "alvoroço tremendo " que não dá para descrever aqui. Mas se alguém ainda vacila, na nossa campanha (*), pensem no que vai suceder se cruzarmos os braços. 
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Nota do editor:

(*) Vd. poste da série > 27 de junho de 2018 > Guiné 61/74 - P18784: Ser solidário (213): Petição, urgentíssima (até 3 de julho), ao sr Presidente da Republica, para instruir os seus serviços a apresentarem, na próxima reunião cimeira da CPLP em Julho próximo, em Cabo Verde, uma proposta visando a implementação dum plano extraordinário para os próximos dez anos no campo da educação em Timor Leste (João Crisóstomo, Nova Iorque)


(...) Mensagem por email a enviar à Presidência da República (até ao fim do dia 3 de julho de 2018)

(...) Endereço de email: belem@presidencia.pt

Exmo Senhor Presidente Marcelo Rebelo de Sousa,

Senhor Presidente,

A situação da educação em Timor Leste, especialmente para todos os que seguimos e partilhamos os anseios deste país, é de muita preocupação. É com muita confiança e esperança que viemos pedir o favor da sua ajuda para o que segue:

Uma vez que a promoção da Língua Portuguesa é um dos objectivos para que a CPLP foi criada e dada a necessidade e urgência dum esforço extraordinário no ensino da língua portuguesa no jovem país de Timor Leste, venho pedir ao Senhor Presidente o seguinte: que instrua os seus assistentes para prepararem uma proposta a ser apresentada na próxima reunião cimeira da CPLP em Julho próximo em Cabo Verde, visando a implementação dum plano extraordinário para os próximos dez anos no campo da educação em Timor Leste.

O fim deste é de que no 25.º aniversário deste país (em 2027) o acesso à educação esteja já ao alcance de toda a juventude e o uso da língua portuguesa seja mais generalizado, no seguimento da premissa de que a língua portuguesa e a religião católica foram os grandes pilares na luta pela reaquisição da Independência de Timor Leste.

Portugueses, e todos para quem Timor Leste e a língua portuguesa estão no coração – e porque sabemos que podemos contar com a sua ajuda –, estamos desde já antecipadamente muito gratos.

Com muita confiança aceite, Senhor Presidente, os meus respeitosos cumprimentos.

Local, Data, Nome (e mais algum dado, se achar bem incluir como ID: Nº de BI, Cidadão, Passaporte, Profissão... )

quarta-feira, 27 de junho de 2018

Guiné 61/74 - P18784: Ser solidário (213): Petição, urgentíssima (até 3 de julho), ao sr Presidente da Republica, para instruir os seus serviços a apresentarem, na próxima reunião cimeira da CPLP em Julho próximo, em Cabo Verde, uma proposta visando a implementação dum plano extraordinário para os próximos dez anos no campo da educação em Timor Leste (João Crisóstomo, Nova Iorque)

1. Mensagem do nosso camarada da diáspora (Nova Iorque), ativista social e grã-tabanqueiro João Crisóstomo:

Data: 26 de junho de 2018 às 14:50
Assunto: nossas conversas ..

Caríssimo,

Aqui está o que estou a  tentar  enviar aos orgãos de informação,  na esperança de que  façam eco  e motivem muita gente  a enviar E mails ( ou o que acharem bem ) ao nosso Presidente da República. Tem de ser ASAP, please! [, o mais rápido possível!]
Se puseres no teu blogue isso vai  ajudar e se puderes convencer alguém no jornal Público , onde neste momento não tenho nenhum contacto,  seria óptimo.  Falamos mais, muito  brevemente, OK?
Um grande abraço .

A Vilma, (na cozinha a lavar os pratos do pequeno almoço)  quando percebeu que estava a falar contigo, berrou-me que mandasse um beijinho para vocês dois.

Saudades e até breve.
João


2. Campanha: Por Timor Leste e pela língua portuguesa: Apelo aos portugueses (dentro ou fora de Portugal) onde quer que se encontrem.

Estive em Timor Leste  no ano passado. E  de novo este ano.  Fiquei encantado, mas preocupado por muitas coisas que constatei. A língua portuguesa e a fé cristã foram os alicerces-base que possibilitaram a Independência de  Timor Leste. Mas  a situação está muito débil ainda.  Outros têm verificado o mesmo. Rui Chamusco e Gaspar Sobral  por exemplo, que  de seu bolso tinham já dado os primeiros passos para uma escola para as crianças esquecidas  nas montanhas remotas  de Timor. Juntei-me a eles. Preocupado fui mesmo ao Vaticano, onde  consegui  um encontro com o Sr.Cardeal Parolin, secretário de Sua Santidade,  e de quem obtive  o apoio moral que procurava, que eu sabia  imprescindível para eu poder   falar a outras pessoas sobre esta situação em Timor Leste. Uma escola, uma primeira gota de água,  foi inaugurada em Março passado. 

É absolutamente necessário fazer algo de extraordinário e com toda a urgência para salvar a língua portuguesa. Senão… imagine o que quiser, mas parece-me que será um futuro e uma situação muito  triste. Algo  tem que ser feito imediatamente. 

Tenho falado nisto a muita gente, inclusive aos dirigentes timorenses – e todos concordam comigo. Mas concordar só não chega: impõe-se fazer algo de concreto, e já. Portugal – crédito seja dado a Portugal e aos portugueses  –  tem feito e está  fazendo um esforço   a todos os títulos admirável.  Mas muito mais precisa de ser feito em Timor Leste . Com toda a urgência.

E  Portugal sozinho não pode. Em Nova Iorque  no passado dia 5 de Maio, "Dia da  Língua Portuguesa nas Nações Unidas",  consegui falar com a Sra Dra Maria do Carmo Silveira, Secretária Executiva da CPLP,  a quem pedi/propus  o seguinte:

Uma vez que a promoção da Língua Portuguesa é um dos objectivos para que a CPLP foi criada e dada a  necessidade e  urgência dum impulso no  ensino desta língua no jovem país de  Timor Leste, impõe-se  um programa extraordinário da CPLP  na promoção da língua portuguesa nos próximos anos em Timor Leste, com o objectivo  de que, no 25º  aniversário deste país (em 2027),  o acesso   à  educação   esteja  já  ao alcance  de toda a juventude e o uso da língua portuguesa esteja  mais generalizado.  O envolvimento interessado  e a implementação dum    programa extraordinário por parte da CPLP pode  fazer a diferença que urgentemente se impõe.

Fiquei contente com a maneira positiva como a Sra Dra Maria do Carmo Silveira me ouviu, concordando comigo que  seria pertinente e relevante que esta proposta fosse apresentada para consideração na  próxima cimeira da CPLP que  vai ter lugar a 17 e 18 de Julho em Cabo Verde, na Ilha do Sal.

Foi em Portugal  – em Julho de 1996 que – teve lugar o acto official da criação da CPLP:  Portugal tem sido  desde sempre  o grande impulsionador desta organização  e tem autoridade moral para apresentar, com muitas boas probabilidades de ser ouvido, esta proposta.   Vamos pedir ao nosso Presidente Marcelo Rebelo de Sousa  e ao nosso  Primeiro Ministro  António Costa  que vão estar presentes nessa cimeira em Cabo Verde para apresentarem  ou darem o primeiro passo para que esta  proposta seja apresentada à CPLP. 

 Esta poderá  ser apresentada por eles mesmos ou em conjunto com a delegação de Timor Leste,  aí chefiada pelo seu presidente  Francisco Guterres.  Não tive oportunidade de contactar sobre isto o Senhor Presidente de Timor Leste, quando lá estive,  mas não tenho dúvidas de que será bem recebida, pela resposta que tive de outros líderes timorenses, entres eles Xanana Gusmão . Numa resposta que recebi  ( de Timor Leste, já depois de ter voltado  a Nova Iorque ) foi-me dito: "dei conhecimento do seu e-mail a S.Exa. Xanana Gusmão, como aliás solicitado, o qual ficou muito grato e naturalmente satisfeito pela sua amizade e carinho a Timor-Leste. Pediu-me ainda que lhe transmitisse o seu 'agradecimento pela dedicação por uma causa nobre, que é a educação!' ".

A mensagem que segue pode servir  como guia/modelo  para mensagens  a serem enviadas – por E mail com a máxima urgência os – próximos dias (sem falta antes de 3 de julho) para o Senhor Presidente . O  endereço é: belem@presidencia.pt

POR FAVOR AJUDE!

Obrigado
João Crisóstomo
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3. Mensagem por email a enviar à Presidência da República (até 3 de julho de 2018)


Exmo Senhor Presidente Marcelo Rebelo de Sousa,

Senhor Presidente,                     

 A situação da educação  em Timor Leste,  especialmente para todos os que seguimos e partilhamos os anseios deste país, é de muita preocupação.  É com muita confiança e esperança que viemos pedir o favor da sua ajuda para o que segue:

Uma vez que a promoção da Língua Portuguesa é um dos objectivos para que a CPLP foi criada e dada a  necessidade e urgência dum  esforço  extraordinário no  ensino da língua portuguesa  no jovem país de  Timor Leste, venho pedir ao Senhor Presidente  o seguinte: que  instrua os seus assistentes  para prepararem uma proposta a  ser apresentada na próxima  reunião cimeira da CPLP  em  Julho próximo em  Cabo Verde, visando  a implementação dum plano extraordinário para  os próximos dez anos no campo da educação em Timor Leste.

O fim deste é de que no 25º aniversário deste país (em 2027) o acesso   à  educação   esteja  já  ao alcance  de toda a juventude e o uso da língua portuguesa seja mais generalizado, no seguimento da premissa de que a língua portuguesa e a religião católica foram os grandes pilares na luta pela reaquisição da Independência de Timor Leste.

Portugueses, e todos para quem Timor Leste e a língua portuguesa estão no coração  – e porque sabemos que podemos contar  com a sua ajuda  –, estamos desde já antecipadamente muito gratos. 

Com muita confiança aceite,  Senhor Presidente, os meus  respeitosos cumprimentos.

 Local, Data, Nome  (e mais algum dado, se achar  bem incluir como ID: Nº de BI, Cidadão, Passaporte, Profissão... )   
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Nota do editor:

Último poste da série > 7 de junho de 2018 > Guiné 61/74 - P18719: Ser solidário (212): Gostaria de saber as companhias que passaram e estiveram sediadas em Candamã e quando é que costumam celebrar o convívio anual (Luís Branquinho Crespo)