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sexta-feira, 22 de março de 2024

Guiné 61/74 - P25296: Notas de leitura (1677): O Santuário Perdido: A Força Aérea na Guerra da Guiné, 1961-1974 - Volume II: Perto do abismo até ao impasse (1966-1972), por Matthew M. Hurley e José Augusto Matos, 2023 (17) (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá, Finete e Bambadinca, 1968/70), com data de 12 de Março de 2024:

Queridos amigos,
Os autores procedem a uma análise do desempenho da Força Aérea na Guiné, nomeadamente no período de 1968 a 1971, o sistema de defesa antiaérea do PAIGC estava praticamente fora de combate, Spínola gostava tanto das operações conjuntas e o papel dos helicópteros tornava-se crucial, designadamente para o transporte das tropas especiais e evacuação de feridos; por outro lado, Spínola e o comando da Zona Aérea adaptaram o sistema instituído ao tempo de Schulz para as zonas de intervenção exclusiva, os bombardeamentos continuaram. Era incontestável que a capacidade agressiva dependia do apoio aéreo, em praticamente todas as situações. É esse o relato que aqui se condensa, houvera escalada da guerra, mas a supremacia aérea estava do lado português.

Um abraço do
Mário



O Santuário Perdido: A Força Aérea na Guerra da Guiné, 1961-1974
Volume II: Perto do abismo até ao impasse (1966-1972), por Matthew M. Hurley e José Augusto Matos, 2023 (17)


Mário Beja Santos

Deste segundo volume d’O Santuário Perdido, por ora só tem edição inglesa, dá-se a referência a todos os interessados na sua aquisição: Helion & Company Limited, email: info@helion.co.uk; website: www.helion.co.uk; blogue: http://blog.helion.co.uk/.




Capítulo 4: “A pedra angular”

Nos dois textos mais recentes, procurou-se dar conta dos problemas postos pelas defesas antiaéreas ao serviço do PAIGC e dos receios fundados, por parte do General Spínola, de intrusões aéreas oriundas dos países vizinhos e hostis. No fundo, problemas vindos do passado e que pareciam ganhar um novo realce o recurso de armas mais sofisticadas por parte da guerrilha.

Vimos como desde 1965 se procurou aniquilar a capacidade de defesa antiaérea, neutralizavam-se armas de defesa e os seus operadores, a Zona Aérea reivindicava ter destruído mais de 50 canhões antiaéreos ou tê-los seriamente danificado. Quando parecia que se tinha reduzido a quantidade de fogo antiaéreo reacendiam-se incidentes e, por exemplo, foram reportados 110 em 1966, não desapareceram completamente, mas, por exemplo, foram reportados 9 em 1971, número que subiu para 23 no ano seguinte. Como igualmente se referiu, a Operação Pérola Azul (julho de 1970) foi demolidora, o PAIGC adotou a estratégia de abrigar o seu armamento antiaéreo para lá da fronteira da República da Guiné.

A desmotivação afetou o PAIGC, havia comprovadas deficiências nesta batalha da defesa aérea, apesar de continuar a renovar-se o armamento eficaz e haver o apoio de peritos estrangeiros. Em 1971, Amílcar Cabral não escondeu as suas críticas pela falta de coragem para disparar contra os aviões. Recorde-se que a Força Aérea na Guiné entre 1965 e 1972 perdeu apenas uma aeronave devido a fogo hostil. Em 28 de julho de 1968, o Comandante do GO 1201, o Tenente-coronel Francisco da Costa Gomes, voava num Fiat para fazer reconhecimento fotográfico a norte de Guileje. Ao tentar localizar e fotografar posições antiaéreas ao longo da fronteira, o Fiat foi atingido por fogo de uma arma de 12,7 mm, supostamente a partir de território da República da Guiné. Os projéteis atingiram o depósito de combustível, incendiando o motor e a cauda, o comandante foi forçado a ejetar-se. O seu avião caiu a cerca de 4 km da fronteira, perto do quartel português de Gandembel. Depois de escapar às patrulhas dos guerrilheiros e aos perigos de campos minados, Costa Gomes conseguiu chegar ao quartel aonde um soldado que estava no turno em vigilância questionou aquela figura abatida e desconhecida, num fato de voo sujo, e pareceu-lhe velho demais para ser piloto. Tudo acabou em bem, o Tenente-coronel Costa Gomes voltou a Bissalanca sem mais incidentes.

Importa salientar que todo o esforço para aniquilar ou neutralizar o sistema antiaéreo do PAIGC constituiu uma pequena fração na atividade global da Força Aérea na Guiné. Desde que Spínola assumiu o comando, em 20 de maio de 1968, até final de 1972, os aviadores portugueses realizaram cerca de 12.408 missões de ataque, apoio de fogo e reconhecimento armado na Guiné, das quais apenas 67 (cerca de meio por cento) foram especificamente vocacionados para operações de aniquilamento dos referidos sistemas de defesa antiaérea. No entanto, este número de surtidas desmente a importância da luta da defesa aérea para ambos os lados do conflito.

O PAIGC tinha apostado muito na capacidade de conquistar e manter “áreas libertadas”, mas a validade das suas reivindicações diminuía com cada aeronave da Força Aérea que sobrevoava as ditas áreas libertadas sem serem molestadas. Em termos de tentar pôr a respeito a luta armada, confiava-se cada vez mais no poder aéreo para justificar que qualquer força militar podia chegar a qualquer ponto do território. Tudo conjugado, em meados de 1970 e uma inequívoca supremacia aérea, que obrigou o PAIGC a procurar uma resposta que pusesse em causa tal supremacia.


Capítulo 5: “Tudo estava dependente deles, de uma forma ou outra”

“Tínhamos, por um lado, 40 mil militares no terreno, que suportavam múltiplas dificuldades, o isolamento, o desconforto, o perigo constante… Por outro lado, 50 ou 60 pilotos, um máximo de 70. Tudo estava dependente deles, de uma forma ou outra.” – General Lemos Ferreira, Comandante da BA 12, 1971-1974.

Enquanto a batalha pela supremacia aérea se intensificava, a guerra terrestre expandia-se, em abrangência e intensidade. Em 1968, o PAIGC reivindicava o controlo de dois terços do território da Guiné, citava mesmo a decisão de Spínola é abandonar uma série de guarnições isoladas, as operações também se iam tornando mais letais: embora o total do número de ataque contra as forças portuguesas tivesse diminuído quase um terço entre 1969 e 1970, causaram cerca de 45% mais vítimas.

De acordo com o General Venâncio Deslandes, Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, a eficácia de combate do PAIGC refletia quatro desenvolvimentos complementares: reforço material, tanto qualitativo como quantitativo; reforço de mão de obra, incluindo o uso de especialistas estrangeiros; reorganização militar que melhorou o controlo tático e a flexibilidade; avanço no sistema de informações, planeamento e de liderança tática.

Estas melhorias refletiam o esforço contínuo do PAIGC de transformar o seu braço armado numa “estrutura militar convencional”. Confrontados com a necessidade de contrariar um movimento militar e sociopolítico devido às iniciativas de Spínola, bem como a entrada no terreno cada vez mais de armas pesadas, o PAIGC “remodelou completamente a sua estrutura durante 1970-1971. Deixou de se falar em guerrilha, substituindo essas unidades por Forças Armadas Locais, uma designação para falar de forças regulares”. O Exército Popular foi também dividido em unidades distribuídos regionalmente, compostas por dois ou mais bi-grupos, com secções anexas, conforme as necessidades. A análise de Venâncio Deslandes resumia assim a situação: “Têm infantaria, artilharia e foguetes, ganharam maleabilidade para conduzir o esforço de guerra de acordo com a estratégia decidida ao mais alto nível.”

Segundo o serviço de informações, avaliava-se a força global do Exército Popular num pessoal de 4800 sediados na Guiné e 1200 nos países vizinhos, divididos em 73 bi-grupos de artilharia e dois grupos dos Comandos. Para contrariar este poder militar do PAIGC, Spínola, tal como Schulz, voltou-se cada vez mais para os recursos da Força Aérea. Em 1969, a Zona Aérea montou apenas uma operação de ataque pré-planeada (ver apêndice VI): este número cresceu para 22 no ano seguinte e 45 em 1971. Essas operações envolveram quase 3000 operações de ataque, na sua maioria realizadas por Fiat ou T-6, responsáveis por um terço de todas as missões de ataque e apoio aéreo registados de 1969 a 1971. Sem surpresa, os ataques aéreos pré-planeados centraram-se em áreas de maior atividade do PAIGC, tanto no Sul como nos setores ocidentais onde a guerrilha estava mais ativa. Muitas das outras surtidas e ataque de apoio de fogo tinham a ver com a guerra de helicópteros. De 1968 até finais de 1971, a Zona Aérea levou a efeito quase 160 operações com helicópteros, tanto no Este como no Sul, mobilizando milhares de soldados em mais de 3000 saltos. Praticamente todas estas operações foram apoiadas por aeronaves de asa fixa e rotativa que realizaram reconhecimento, bombardeamento preparatório, apoio de fogo, comando e controlo e evacuação de feridos. Em 1971, os ataques combinados ar-terrestres tinham assumido um papel fulcral na estratégia de Spínola, como observou um jornalista, dizendo que “os Alouettes raramente estavam parados, não se passa um dia sem que os meios aéreos estejam a funcionar.” Estas operações conjuntas representaram mais de 40 mil incursões durante os primeiros três anos e meio do comando de Spínola (julho de 1968 a dezembro de 1971 – ver anexo II), atingindo um pico total anual de 11320 em 1971. As aeronaves com mais tarefas, no inventário da Base Aérea 12 durante este período, foram o DO-27 e o Alouette III, indicativo dos vários tipos de missões e demonstrativo da centralidade da logística aérea tanto para o esforço de guerra como para os seus programas de apoio civil.

Atividade do sistema de defesa antiaérea do PAIGC entre 1968 e 1972 (Matthew M. Hurley, com base em documentos oficiais portugueses)
O Fiat n.º 5411 poucos dias antes de ter sido abatido perto da fronteira da República da Guiné (Coleção José Nico)
Detalhe do Fiat n.º 5411 abatido pelo PAIGC (Casa Comum/Fundação Mário Soares)
Destroços do avião Fiat n.º 5411 a 4 km da fronteira da República da Guiné (Arquivo da Defesa Nacional)
Posições do sistema antiaéreo do PAIGC a cerca de 200 metros da fronteira com a Guiné Portuguesa, aquando no abate do Fiat nº5411 (Arquivo da Defesa Nacional)
Estrutura militar do PAIGC em 1971

(continua)
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Nota do editor

Último post da série de 15 DE MARÇO DE 2024 > Guiné 61/74 - P25276: Notas de leitura (1676): O Santuário Perdido: A Força Aérea na Guerra da Guiné, 1961-1974 - Volume II: Perto do abismo até ao impasse (1966-1972), por Matthew M. Hurley e José Augusto Matos, 2023 (16) (Mário Beja Santos)

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Guiné 63/74 - P12445: Boas Festas (2013/14) (6): José Martins, José Rodrigues, José Santos, Joaquim Mexia Alves e Ernestino Caniço





1. Em mensagem do dia 9 de Dezembro de 2013, o nosso camarada José Marcelino Martins (ex-Fur Mil Trms da CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70), enviou-nos os seus votos de Feliz Natal

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2. Mensagem do nosso camarada matosinhense José Martins Rodrigues (ex-1.º Cabo Aux Enf.º da CART 2716/BART 2917, Xitole, 1970/72) com data de 10 de Dezembro de 2013:

Caros Editores do Blogue
Caros Camaradas ex-combatentes da Guiné
O “Postal” que agora vos dirijo, enviei-o à minha família quando estava na Guiné no ano de 1971, provavelmente por estas altura do ano e a propósito da quadra natalícia que se aproximava.
Apesar da simplicidade dos meios e do resultado final, atrevo-me a usar esta “obra prima” para enviar a esta Grande Família do Blogue os meus mais calorosos votos de Festas Felizes.

FELIZ NATAL E PRÓSPERO ANO NOVO, PARTICULARMENTE GENEROSO EM SAÚDE PARA TODOS OS CAMARADAS

José Martins Rodrigues
CART 2716
XITOLE, 1970/72


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3. Mensagem do nosso camarada José Santos (ex-1.º Cabo Aux. Enf.º da CCAÇ 3326, Mampatá e Quinhamel, 1971/73), com data de 11 de Dezembro de 2013:

FELIZ NATAL E UM 2014 RECHEADO DE TUDO BOM

JOSÉ SANTOS



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4. Mensagem do nosso camarada Joaquim Mexia Alves (ex-Alf Mil Op Esp/Ranger da CART 3492/BART 3873, (Xitole/Ponte dos Fulas); Pel Caç Nat 52, (Ponte Rio Udunduma, Mato Cão) e CCAÇ 15 (Mansoa), 1971/73),  com data de hoje, 13 de Dezembro de 2013:

Meus camarigos
aqui vão os meus:

Votos de Natal e Ano Novo para a Tabanca Grande

Que a paz esteja contigo
No amor e sem quezília
Um feliz Natal, camarigo
Para ti e tua família.

E passados sete dias
Os votos que eu renovo
De boas novas e alegrias
Trazidas p’lo Ano Novo.

Joaquim Mexia Alves
Monte Real, 13 de Dezembro de 2013

Um abraço amigo do
Joaquim Mexia Alves

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5. Mensagem do nosso camarada Ernestino Caniço (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Rec Daimler 2208, MansabáMansoa e Bissau, 1970/72), com data de hoje, 13 de Dezembro de 2013:

Amigo Carlos
Anexo os meus votos de Boas Festas para todo o pessoal da Tabanca.
Não sei fazer de outra maneira.

Um abraço
Ernestino Caniço


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Nota do editor

Último poste da série de 12 DE DEZEMBRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P12440: Boas Festas (2013/14) (5): De Macau, com saúde, paz e amor, os ingredientes para a felicidade (Virgílio Valente, ex-alf mil, CCAÇ 4142, Gampará, 1972/74)

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Guiné 63/74 - P11784: Os nossos médicos (56): respostas ao questionário: José Manuel Matos Dinis [,CCAÇ 2679, Bajocunda, 1970/71]; José Santos [CCAÇ 3326, Mampatá e Quinhamel, 1971/73]; Rui Santos [4.ª CCAÇ, Bedanda, 1963/65]; Mário Serra de Oliveira [, BA12, Bissalanca, 1967/68]; e João Martins [, BAC1, Bissum, Piche, Bedanda, Gadamael e Guileje, 1967/69]

1. Mais algumas respostas ao questionário sobre Os Nossos Médicos (*):

José Manuel Matos Dinis [, ex-fur mil, CCAÇ 2679, Bajocunda, 1970/71]:


Vou procurar responder sucintamente, embora aqui ou ali me espalhe um bocadinho.

1 - Eu tive necessidades várias  [, de recorrer ao médico e/ou enfermeiro].

2 - Mais que uma vez { fui visto por médico].

3 - A minha companhia não tinha médico. Em Piche, enquanto ali estivemos, também não havia médico, Mais tarde, a espaços, tivemos um médico de proximidade em Pirada. Só fui visto por médicos em Bissau, no HM 241.

4 - Usei dos serviços dos enfermeiros por várias vezes. Os enfermeiros da minha companhia, e os que estiveram ao nosso serviço oriundos de outras unidades, foram sempre extraordinários de competência e dedicação. E no que me diz respeito, quero expressar uma grande gratidão. Até um puto que fazia de enfermeiro em Bajocunda tinha a nossa confiança, como se de um profissional se tratasse.

5 - Vide resposta anterior.

6 - Não havia. Faleceu um camarada por indução errada de diagnóstico. Se tivesse sido seguido mais de perto, talvez estivesse entre nós.

7 - Como referi, em Piche, na ocasião, não havia médico. Mais tarde, a espaços, em Pirada havia consulta.

8 - Sim. Estive lá, [no HM 241, em Bissau,]  25 dias, e pedi alta para regressar ao mato. Era um cliente de luxo, e não me queixo do tratamento, nem dos sumos italianos, nem das frutas sul-africanas. No penúltimo dia, um médico (miliciano?) referiu-me que a minha baixa, apesar dos dias decorridos, não justificava a evacuação para Lisboa, mas que podia ali reter-me mais algum tempo. Agradeci, mas senti saudades da família.

9 - Vide resposta anterior e um post publicado.

10- Não, senhor, com muita pena [,de nºao ter sido evacuado para o HMP, em Lisboa].

11- Vide resposta anterior.

Faço votos de muita saúde aos camaradas.

Abraços fraternos


José Santos [ex-1.º cabo aux enf, CCAÇ 3326, Mampatá  e Quinhamel, 1971/73]


1) Eu fui enfermeiro em Mampatá
2) Fui visto no HM 241, em Bissau
3) Sim
6) Não
7) Não
8) Sim, fui queimado estive lá, [no HM 241,] 45 dias,  internado
10) Fui evacuado de avioneta
11) Não

Fui muita vez ao Hospital levar doentes de Mampatá e colegas nossos, andei bastante de avião pois o furriel nunca ia, o capitão tinha mais confiança em mim, porque eu já lidava com medicamentos,  estava empregado numa farmácia, e ele não tinha confiança no furriel,  daí ser sempre eu que andava com os doentes.
Um alfa bravo
José Santos


Rui Santos [ex-alf il da 4.ª CCAÇ, Bedanda, 1963/65]
Luís, Boa noite!!!

Tive três ataques de paludismo no território da Guiné, um em Bedanda (tratado pelo enfermeiro da unidade 4ª CC) e em Bolama tive dois, penso que porque bebi a autêntica água salobra das bolanhas, que tanta gente fala, mas eu bebi-a juntamente com os meus amigos/soldados pretos (tratadas pelo enfermeiro e por ordem do Dr. Guilherme Peixe, médico do CIM). Não desejo a ninguém que isso aconteça pois já cá no continente tive mais três vezes, é obra ...

Claro que minha mulher foi assistida ... pelo nascimento da minha filha no Hospital Principal de Bissau (Civil) pelo dr. Círio Andrade, mas como minha mulher teve um ataque de paludismo dias antes de acabar o tempo, eis que tomou,  por minha autorização e acordo do Dr. Círio, a velha camoquina (antipalúdico mas abortivo), e assim nasceu uma miúda em chão papel. que tem agora 48 anos e tr`^e filhos, bem haja dr.Círio.

Abraço
Rui G dos Santos

Mário Serra de Oliveira [, ex-1º cabo escriturário, BA 12,
Bissalanca, Bissau, 1967/68, a viver hoje nos EUA]
 Camarada Luis Graça!

Recordo com admiração um médico do exército - eu era da FAP -, o  Dr. Trigo. Forte de fisíco e forte de mentalidade. recordo que um dia dei sangue no Hospital militar e,  creio que foi ele, para recuperar mandou dar ums "biscoitos e um cálice de vinho do Porto tinto!"...  Fiquei como novo.

Mais tarde, creio que já na vida civil, se bem recordo, recebi-o como cliente no restaurante O Pelicano. Poderei até estar confundido mas creio que não. Boa pessoa e bom médico.

Abraço a todos.

PS - Seria verdade [, como eu já vi escrito no nosso blogue,] que alguns militares "bebiam cerveja, e comiam bananas em jejum!...para apanharem uma "hepatite" que dava direito a evacuação?


João Martins [, ex-alf mil art, BAC1, Bissum, Piche, Bedanda, Gadamael e Guileje, 1967/69 ]
Caros camarigos:

Recordo que fui assistido por um médico quando estive cerca de uma semana em Gadamael Porto, porque, na sequência do meu exercício matinal de natação nas águas do rio, começaram-me a doer os ouvidos. A assistência foi rápida e consistiu na introdução nos ouvidos de um aparelho para extração da "porcaria" e colocação de um desinfetante. As melhoras foram imediatas.

Quando estive em Ingoré, em fins de 69 e com quase 24 meses de comissão, tive um forte ataque de paludismo em que já não via quase nada à minha frente, tendo mesmo dificuldade em deslocar-me. Recordo que, na altura, fui chamado à presença do comandante do batalhão que pretendia levar novamente os obuses para um lugar afastado do aquartalamento para fazer fogo para mais dentro do Senegal, é claro que o informei que não estava em condições de efectuar tal operação e que, face à distância e às condições, o tiro não tinha grande hipótese de ser certeiro embora eu utilizasse para o efeito um goniómetro. Fiquei sempre com a convicção, simples premonição, que se lá voltasse perderia a vida, porque o IN, prevendo que tal facto poderia ocorrer, teria armadilhado o local. Dessa vez não recordo qualquer assistência médica. Limitei-me a cobrir-me completamente por cobertores e a curar-me com o calor da cama.
Grande abraço

João Martins
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Nota do editor:

Postes anteriores da série:

27 de junho de 2013 > Guiné 63/74 - P11770: Os nossos médicos (55): Sondagem (n=93): 35% dos respondentes dizem ter passado pelo HM 241 (Bissau), e 8% foi evacuado para o HMP (Lisboa)

(...) Mesmo assim, estes dados, respeitantes a 93 respondentes não deixam de ser curiosos, podendo revelar algumas tendências:

(i) Só uma minoria (17%) é que nunca esteve doente, ou pelo menos nunca terá recorrido ao médico ou ao enfermeiro;

(ii) Três em cada cinco foram vistos, uma ou mais vezes, pelo médico; e outros tantos pelo enfermeiro;

(iii) Havia um ou mais médicos em cada batalhão; já o mesmo não aconteciam a nível de companhia (segundo 37% dos respondentes);

(iv) 35% da rapaziada conheceu o HM 241 (Bissau); ou esteve lá internado, ou foi lá a uma consulta externa (de especialidade):

(v) Oito por cento do total dos respondentes foram evacuados para a metrópole, para o HMP (Hospital Militar Principal), em Lisboa...

Seria interessante que estas respostas, apesar do seu nº relativamente reduzido (n=93), pudessem ser objeto de comentários de respondentes e não-respondentes... Como sempre, as respostas são anónimas. E a sondagem realizou-se ao longo de 6 dias (de 22 a 27 de junho, tendo terminado às 13h).. Mais uma vez os nossos agradecimentos a que se dispôs a perder um minuto e fez questão de colaborar. Bem hajam, camaradas! (...)

27 de junho de 2013 > Guiné 63/74 - P11769: Os nossos médicos (54): Respostas ao questionário: José Colaço (CCAÇ 557, Cachil, Bissau e Bafatá, 1963/65) , Fernando Costa (BCAÇ 4513, Aldeia Formosa, mar73 / set74) , e Rogério Cardoso (CART 643 / BART 645, Bissorã, 1964/66)

26 de junho de 2013 > Guiné 63/74 - P11764: Os nossos médicos (53): Homenagem ao pessoal da saúde do meu BCAÇ 3872, Galomaro, 1971/74 (Juvenal Amado)

24 de junho de 2013 > Guiné 63/74 - P11756: Os nossos médicos (52): Com o pessoal do meu batalhão, partiram, em 24/4/70, no T/T Carvalho Araújo, très alf mil médicos: Vitor Veloso, José A. Martins Faria e Eduardo Teixeira de Sousa (António Tavares, ex-fur mil, CCS/ BCAÇ 2912, Galomaro, 1970/72)

19 de junho de 2013 > Guiné 63/74 - P11731: Os nossos médicos (51): O BART 2917 (Bambadinca, 1970/72) teve pelo menos 4 médicos e prestava assistência à população civil (Benjamim Durães)

18 de junho de 2013 > Guiné 63/74 - P11724: Os nossos médicos (50): Os batalhões que passaram pelo setor de Farim tinham um número variável de médicos, de 1 a 4... Quanto ao HM 241, era só... o melhor da África Ocidental (Carlos Silva, 1969/71)

14 de junho de 2013 > Guiné 63/74 - P11704: Os nossos médicos (47): Qual era a dotação médica de um batalhão ? Três médicos por batalhão, diz-nos o ex-alf mil méd J. Pardete Ferreira (CAOP1, Teixeira Pinto; HM 241, Bissau, 1969/71)

(...) Questões:

(i) Quantos médicos seguiram com o vosso batalhão, no barco ?

(ii) Quantos médicos é que o vosso batalhão teve e por quanto tempo ?

(iii) Lembram-se dos nomes de alguns ? Idades ? Especiallidades ?

(iv) Precisaram de alguma consulta médica ?

(v) Estiveram alguma vez internados na enfermeria do aquartelamento (se é que existia) ?

(vi) Foram a alguma consulta de especialidade no HM 241 ?

(vii) Foram evacuados para a metrópole, para o HMP ?

(viii) Tiveram alguma problema de saúde que o vosso médico ou o enfermeiro conseguiu resolver sem evacuação?

(ix) O vosso posto sanitário também atendia a população local ?

(x) (E se sim, o que é mais que provável:) Há alguma estimativa da população que recorria aos serviços de saúde da tropa

sábado, 11 de maio de 2013

Guiné 63/74 - P11555: 9º aniversário do nosso blogue: Questionário aos leitores (45): Respostas (nºs 93/94/95): Paulo Salgado (CCAV 2721,Olossato e Nhacra, 1970/72 ); António Manuel Sucena Rodrigues (CCAÇ 12, Xime, 1972/74) ; José Santos (CCAÇ 3326, Mampatá e Quinhamel, 1971/73)


Resposta nº 93 >  Paulo Salgado [, ex-Alf Mil, CCAV 2721,Olossato e Nhacra, 1970/72]:

(1) Quando é que descobriste o blogue ?

Quase desde o início. Aliás, a minha mulher [Conceição] e a minha filha [Paula] são tabanqueiras, mas muito irregulares…

(2) Como ou através de quem (por ex., pesquisa no Google, informação de um camarada)?

Através do Luís Graça. Um encontro…

(3) És membro da nossa Tabanca Grande (ou tertúlia) ? Se sim, desde quando ?

O meu bombolom começou a tocar há alguns anos – basta ver as notícias

(4) Com que regularidade visitas o blogue (Diariamente, semanalmente, de tempos a tempos...) ?

Regularmente

(5) Tens mandado (ou gostarias de mandar mais) material para o Blogue (fotos, textos, comentários, etc.) ?

Mando de forma irregular.

(6) Conheces também a nossa página no Facebook [Tabanca Grande Luís Graça] ?

Não.

(7) Vais mais vezes ao Facebook do que ao Blogue ?

Nunca

(8) O que gostas mais do Blogue ? E do Facebook ?

Do Blogue: o que os camaradas pensam do que fizeram na Guiné sob os aspectos humanos e sociais (é estranho?). Do face, não falo…não leio.

(9) O que gostas menos do Blogue ? E do Facebook ?

Mesmo quendo se fala de guerra (emboscadas, “roncos”) aprecio saber. Mas não é o meu forte, confesso. Oh, camaradas, há ética na guerra?

(10) Tens dificuldade, ultimamente, em aceder ao Blogue ? (Tem havido queixas de lentidão no acesso...)

Sem dificuldade.

(11) O que é que o Blogue representou (ou representa ainda hoje) para ti ? E a nossa página no Facebook ?

O blogue permitiu e permite fazer a catarse, possibilita o reviver de memórias. E, pessoalmente encontrar um equilíbrio entre o que vivi então e o que vivenciei nas imensas vezes que fui lá…depois (sempre fui bem recebido…e tratado…há tantas histórias.)

(12) Já alguma vez participaste num dos nossos anteriores encontros nacionais ?

Não. Com pena minha.

(13) Este ano, estás a pensar ir ao VIII Encontro Nacional, no dia 8 de junho, em Monte Real ?

Ainda não sei se poderei…

(14) E, por fim, achas que o blogue ainda tem fôlego, força anímica, garra... para continuar ?

Claro que tem. Eu procurarei dar mais contributos.

(15) Outras críticas, sugestões, comentários que queiras fazer.

Vamos todos cumprir os “mandamentos”…do nosso blogue.

Paulo Salgado – ex-alferes de Op. Esp. CCAV2721



Resposta nº 94 >  António Manuel Sucena Rodrigues [ex-Ful Mil Inf, CCAÇ 12, no período final da guerra (1972/74, tendo estado no Xime]

(1) Quando é que descobriste o blogue ?
R: Em 2008

(2) Como ou através de quem (por ex., pesquisa no Google, informação de um camarada) ?
R: Pesquisa no Google

(3) És membro da nossa Tabanca Grande (ou tertúlia) ? Se sim, desde quando ?
R: Sim, desde 2008  [, Falta-nos foto do tempo de Guiné, 1972/74].

(4) Com que regularidade visitas o blogue (Diariamente, semanalmente, de tempos a tempos...) ?
R: De tempos a tempos.

(5) Tens mandado (ou gostarias de mandar mais) material para o Blogue (fotos, textos, comentários, etc.) ? R: Não, mas vou mandar.

(6) Conheces também a nossa página no Facebook [Tabanca Grande Luís Graça] ?
R: Não.

(7) Vais mais vezes ao Facebook do que ao Blogue ?
R: Não vou ao Facebook.

(8) O que gostas mais do Blogue ? E do Facebook ?
R: Artigos de opinião; comparar opiniões sobre os vários acontecimentos da guerra; notícias atuais
do povo da Guiné

(9) O que gostas menos do Blogue ? E do Facebook ? ~
R: Nada~.

(10) Tens dificuldade, ultimamente, em aceder ao Blogue ? (Tem havido queixas de lentidão no acesso...)
R: Não.

(11) O que é que o Blogue representou (ou representa ainda hoje) para ti ? E a nossa página no Facebook ?
R: Recordar o que de bom lá passei e aprendi (e foi muito). Tentar perceber o que na altura, dada a minha juventude, não consegui perceber e o que ficou por aprender.

(12) Já alguma vez participaste num dos nossos anteriores encontros nacionais ?
R: Sim

(13) Este ano, estás a pensar ir ao VIII Encontro Nacional, no dia 8 de junho, em Monte Real ?
R: Sim. Já estou inscrito.

(14) E, por fim, achas que o blogue ainda tem fôlego, força anímica, garra... para continuar ?
R: Acho que sim, enquanto houver alguma coisa por explicar, por contar, por aprender com a guerra, por compreender nos povos da Guiné e na nossa juventude, e explicar a nossa história e sobretudo enquanto houver quem conte e quem queira ouvir contar.

(15) Outras críticas, sugestões, comentários que queiras fazer.


Resposta nº 95 >  José Santos [ex-1.º Cabo Aux. Enf.º da CCAÇ 3326, Mampatá e Quinhamel, 1971/73]

1) [Descobri o blogue] há cerca de 3 anos
2) Informação de um camarada já falecido
3) Sou membro [da Tabanca Grande] desde há 3 anos [, 16 de novembro de 2011]
4) [Visito o blogue] de tempos a tempos
5) Já enviei história passada por mim em Mampatá
6) Não, [a nossa página no Facebook, Tabanca Grande Luís Graça]
7) Nem uma nem outra, mas vou fazer os possíveis para os visitar mais vezes
8/9/10) ...
11) Gosto de saber novidades
12) Não, [nunca fui aos encontros nacionais da Tabanca Grande]
13) Não, [não vou este ano]
14) Sempre
15) Unicamente prometo que vou estar mais atento. Abração
_____________

Nota do editor:

Último poste da série > 10 de maio de 2013 > Guiné 63/74 - P11547: 9º aniversário do nosso blogue: Questionário aos leitores (44): Respostas (nºs 90/91/92): José Rodrigues Firmino (CCAÇ 2585, Jolmete, 1969/71); Fernando Chapouto (CCAÇ 1426, Geba, Camamudo, Banjara e Cantacunda, 1965/67); José Manuel Carvalho (CCS/BCAÇ 4612/74, Cumeré, Mansoa e Brá, 1974)

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Guiné 63/74 - P10201: Um pouco da História da CCAÇ 3326, Mampatá e Quinhamel, 1971/73 (José Santos)

1. Mensagem do nosso camarada José Santos* (ex-1.º Cabo Aux. Enf.º da CCAÇ 3326, Mampatá e Quinhamel, 1971/73), com data de 22 de Julho de 2012:

Caro Luís
Aqui te envio um pouco da História da CCAÇ 3326

Um abraço
José Santos




COMPANHIA DE CAÇADORES N.º 3326

"OS SEMPRE OPERACIONAIS"

Ilha Terceira > Angra do Heroísmo > Monte Brasil > BII 17

Foto: © Carlos Vinhal (2006). Todos os direitos reservados

A Companhia de Caçadores N.º 3326 teve como Unidade mobilizadora o Batalhão de Infantaria Independente 17 (BII17), Angra do Heroísmo, Açores.

A sua concentração teve início a 7 de Setembro de 1970, sendo esta unidade oriunda das ilhas dos Açores.

Neste dia 7 de Setembro de 1970, começou a instrução operacional terminando a 24 do mesmo mês, e os seus homens foram considerados prontos a 20 de Outubro 1970.

A 13 de Novembro de 1970 estas tropas embarcaram no navio Funchal com destino ao Continente, concretamente ao Centro de Instrução Militar de Santa Margarida, dando-se o início do IAO (Instrução de Aperfeiçoamento Operacional).

A 21 de Janeiro de 1971, pelas 12 horas embarcando no navio Angra do Heroísmo este fez-se ao mar, com o destino da Guiné-Bissau.

Navio Angra do Heroísmo > Coa a devida vénia a Dicionário de Navios Portugueses

A 26 do mesmo mês chegou a Bissau pelas 6 horas da manhã, a seguir a Companhia iria para o Depósito de Adidos, e pelas 15 horas teve lugar a cerimónia de boas-vindas pelo Governador e Comandante-Chefe General Spínola.

A 11 de Fevereiro 1971 a Companhia chegaria a Buba de LDG, e de seguida partiria em coluna militar rumo a Mampatá aonde chegaria pelas 15 horas. A partir dessa altura iria substituir a Companhia de Artilharia N.º 2519, que tinha terminado a sua comissão de serviço.

Região de Tombali > Mampatá > Uma foto aérea de povoação e aquartelamento.

Foto: © José Manuel Lopes (2008). Todo os direitos reservados .

A CCAÇ 3326 era comandada pelo Capitão Artª. Paula de Carvalho, oriundo da GNR.

Foi muito difícil a nossa missão, mas partimos para ela com o sentido de se fazer o melhor possível e tentar sair desta situação no longo período que se adivinha difícil, sem baixas de vulto.

Passaram-se períodos conturbados e a nossa acção daria frutos pelo desgaste que provocávamos ao IN.

Honrando a nossa divisa, "OS SEMPRE OPERACIONAIS", nunca nos deixámos levar por vencidos.

Tivemos unicamente um morto, não pela mão do inimigo mas por uma mina montada por nós, foi uma infelicidade este facto.

De registar a harmonia sempre reinante entre os elementos da Companhia e a população nativa, sendo a acção psicológica exercida uma constante para que desse o seu fruto, com a vontade evidenciada pelos naturais de quererem continuar a ser Portugueses.

Em junho de 1971, altura em que começavam a cair as primeiras chuvas, e a intensidade destas se fizeram sentir, principalmente as várias bolanhas nos itinerários, constituiu uma das muitas dificuldades sofridas por todos nós. A determinação e a vontade de vencer, mesmo com a roupa colada ao corpo pela chuva ou pela transpiração dos dias quentes de África era uma condicionante para cumprir o nosso dever porque uma das características do soldado Português era fazer o melhor em qualquer teatro de operações.

Depois de 18 meses neste inferno, Spínola retirou-nos deste local e fomos colocados em Quinhamel até ao final da comissão a 7 janeiro de 1973.
____________

Nota de CV:

(*) Vd. poste de 5 de Abril de 2012 > Guiné 63/74 - P9705: Blogpoesia (185): Pelas estradas de Mampatá (José Santos)

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Guiné 63/74 - P9705: Blogpoesia (185): Pelas estradas de Mampatá (José Santos)

1. Em mensagem de 28 de Fevereiro de 2012, o nosso camarada José Santos* (ex-1.º Cabo Aux. Enf.º da CCAÇ 3326, Mampatá e Quinhamel, 1971/73) enviou-nos este seu poema:


Guiné

Pelas estradas de Mampatá
Caminhando
Ao sol, à chuva, ao vento
Olhos esbugalhados
Respira-se
A essência das árvores
Procurando o inimigo
Sobressaltados
Corações a palpitarem
Olhando acolá
Pernas tremendo
É o sofrer descomunal
Das horas que não passam
Horas infinitas
Sem dormir
Com fome, com sede
O tempo não passa
Atravessa-se as bolanhas
Malditas bolanhas
Precauções ao vivo
Cabeças girando
Mosquitos depravados
Umas quantas ferroadas
Em corpos suados
Assim é longo o tempo
Este não passa
Do inimigo nada
Ansiedade,
Palpitações
O sangue quente
Corre nas veias escaldantes
Suor, lágrimas
Mas nada de prantos
O militar é
Valente, destemido, desconfiado
Sofre as agonias
Do combate
Sem pestanejar
Ouvidos atentos à muda 
Da progressão
E o tempo não passa
Escurece
A noite aproxima-se
É mais uma noitada
De pé debaixo das árvores
Umas vezes sentados
Outras deitadas
Cansados
E o tempo não passa
Chega a madrugada
Será mais um dia
Calmo, perturbado
Nunca se sabe
Ouve-se ao longe
Tiros de rajada
Granadas rebentando
Os hélios aproximam-se
O canhão dispara
Vive-se ansiedade
O inferno não acaba
Maldita a guerra
Guerra que aflige o
Mundo
Erros perfeitos da filosofia
Guerra que inflige morte
Provas que a guerra é falsa
Tudo é mexer, fazer coisas,
Deixando rastos
Guerra é lugar confuso de pensamento
A Humanidade revolta-se
É a destruição do povo
É orgulho e crueldade
É química da natureza
A guerra é um sem número de almas
Estas não têm calma
Não é a mesma gente
Nada é igual
Ser real é isto
Pouco me importa
Não importa o quê
Não sei
Mas nada me importa
Que dizer dos que não
Passaram por tudo isto
Sorte, azar
Nunca se sabe
Mas o militar de cabeça levantada
Procura escapar
Não procura sarilhos
Mas não chega o tempo
Sair dali para fora
Na imensidão do capim
Nunca mais acaba
Esta guerra sem fim 
Fazem-se patrulhas
Em botes de borracha
Vêem-se crocodilos
Mandíbulas enormes
É grande o susto
Mas o militar é
Destemido, valente, guerreiro
Audaz, persistente, bravo
E passa mais um dia
E a guerra não tem fim
É grande o sofrimento
O desgaste, a tensão
Nervos à flor da pele
Mas o tempo custa a passar
Os ponteiros do relógio
Não andam
E o tempo não passa
Nervos de aço
Tem um militar

José Santos
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 16 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9052: Tabanca Grande (306): José Santos, ex-1º Cabo Enf, CCAÇ 3326 (Mampatá e Quinhamel, Jan 71/Jan 73)

Vd. último poste da série de 21 de Março de 2012 > Guiné 63/74 - P9632: Blogpoesia (184): O tuteio ou o tratamento por tu, entre os camaradas da Guiné... (No Dia Mundial da Poesia... e da Água) (Luís Graça)